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Data: de 4 e 14 de julho de 2024
Em tempos de chuva e enchente no Rio Grande do Sul, crises hídricas e debate sobre as mudanças climáticas, o espetáculo gaúcho de dança contemporânea "Água Redonda e Comprida" promove uma importante reflexão sobre a pauta ambiental. Inspirada no conhecimento e na cosmovisão do povo indígena Kaingang, a bailarina e mestra em antropologia social Geórgia Macedo idealizou o espetáculo que fala, de forma poética, sobre as águas sob a ótica do povo Kaingang, etnia indígena do Sul do Brasil, com a orientação da liderança política e espiritual Kaingang Iracema Gah Teh Nascimento e da mestra em Serviço Social e pesquisadora Angélica Kaingang. Elas participam de um debate na data da estreia do espetáculo, no dia 4 de julho no Sesc Copacabana.
No palco, Géorgia Macedo divide a cena com a jovem bailarina indígena Nayane Gakre, filha de Angélica. As duas brincam e criam movimentos orgânicos e intuitivos por meio de jogos e também a partir da interação com objetos, criando imagens coreográficas fluidas. O cenário remete ao movimento das águas e se transforma ao longo do espetáculo, trazendo histórias que foram apagadas por séculos.
Jovem Kaingang da terra indígena do Votouro, Nayane mora na cidade de Porto Alegre junto com sua mãe Angélica na Casa de Estudante Indígena da UFRGS. A adolescente acompanha a mãe participando das lutas políticas em Brasília e dos encontros de lideranças do Rio Grande do Sul. Nayane tem 13 anos, participou dos grupos de dança nos territórios onde viveu. Por "Água redonda e comprida", foi indicada ao prêmio Açorianos de Dança 2022 na categoria "Intérprete Destaque".
O espetáculo busca construir caminhos para a conscientização da conservação, preservação e proteção das águas. Pelo conhecimento do povo Kaingang, as águas não são vistas apenas como fonte da natureza, mas a partir da noção de parentesco. "As águas são parte do nosso corpo e também desse corpo terra. A água que brota da terra é como o leite que brota do seio das mulheres. E jogar sujeira na água seria como jogar uma sujeira no olho da nossa avó ou mãe", explica Iracema Gah Teh Nascimento.
Géorgia conta que, o Rio Grande do Sul vive em territorialidade com os povos Kaingang, Mbya-Guarani, Charrua e Xokleng. "Como aprendi com Iracema, o Guaíba e seus afluentes são compreendidos como partes de um grande corpo. Deste corpo água que é o planeta Terra. Esses conhecimentos, que buscamos trazer através da dança, quebram a ideia de que as águas, os animais e as árvores são apenas recursos da natureza", explica. "Nós estamos vivendo um período de crises hídricas. Bilhões de pessoas não têm acesso à água potável e as fontes estão se tornando mais poluídas. Ao mesmo tempo, as águas continuam brotando limpas. Nos dando o que beber. Nos dando vida. Elas guardam mistérios, histórias e muita poética", conta Geórgia. "No Rio Grande do Sul, nós vivemos em territorialidade com os povos Kaingang, Mbya-Guarani, Charrua e Xokleng. Com essa convivência, aprendi que o Rio Guaíba e seus afluentes são compreendidos como partes de um grande corpo. Deste corpo água que é o planeta Terra. Esses conhecimentos, que buscamos trazer através da dança, quebram a ideia de que as águas, os animais e as árvores são apenas recursos da natureza", defende.
SERVIÇO
Espetáculo: "Água redonda e comprida"
Temporada: de 4 e 14 de julho de 2024
Dias e horário: de quinta a domingo, às 20h30
Local: Mezanino do Sesc Copacabana
(Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana)
Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
Informações: (21) 2547-0156
Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a sexta, das 9h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 20h.
Classificação indicativa: Livre
Duração: 60 minutos
Instagram: @aguaredondaecomprida
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