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Brumer e a testa fria de Jacó

Brumer e a testa fria de Jacó

Autor: Wilson Brumer
Editora: ArteFato
Publicação: 2025

Entre 1920 e 1939, 50 mil judeus entraram no Brasil como emigrantes, vindos da Europa Central, dos Balcãs e do Leste Europeu. Dos que chegaram entre 1931 e 1936, 77% eram poloneses, pois seu país de origem vivia o prenúncio da invasão alemã, que aconteceu em 1 de setembro de 1939, ainda sem a declaração formal da Segunda Guerra e que foi seguida, dias depois, pela invasão soviética. Szmul Jankiel Brumer estava entre os poloneses que desembarcaram no Brasil. Chegou sozinho, disposto a trabalhar arduamente para trazer a família - pai, mãe, irmãos, esposa e um filho - que esperavam do outro lado do Atlântico. Mas quando os bilhetes de navio foram finalmente comprados era tarde. Os campos de concentração nazistas já tinham levado a família de Jacó, como ele ficou conhecido na capital e no interior de Minas Gerais, onde trabalhou como caixeiro-viajante.

O novo lar do judeu errante foi estabelecido na Pompeia, bairro periférico da então primeira cidade planejada do país, Belo Horizonte. Lá nasceram Wilson Brumer e seus irmãos, filhos de Szmul com dona Nelça. E é ali que começa a trajetória de Brumer, considerado um dos maiores executivos brasileiros da nossa época, que o levou da experiência de seminarista à mesa de grandes players nacionais e internacionais da indústria do aço, da política e do mercado financeiro. Em sua carreira, Brumer coleciona cargos como presidente da Vale, da antiga Acesita, da Usiminas e do IBRAM, além de ter sido secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais no primeiro governo de Aécio Neves e atuar hoje como conselheiro de grandes empresas em segmentos diversos da economia.

Um trabalho minucioso

Pai de quatro filhos, avô de dois netos e marido de Shirlene, Brumer vive na ponte aérea entre Belo Horizonte e a capital paulista, mas não abre mão de sua casa no Retiro do Chalet, condomínio próximo a Belo Horizonte, onde mantém seu atelier de pintura, espaço para a música e para a prática de longas caminhadas.

Sua biografia, intitulada “Brumer e a testa fria de Jacó”, foi escrita ao longo de oito anos pela jornalista Júnia Carvalho, que trabalhou com ele na assessoria de imprensa da Acesita e em alguns projetos posteriores. “Foi um trabalho árduo e minucioso, que teve como base muitas e muitas entrevistas com Brumer e com pessoas indicadas por ele”, conta Júnia. “Além das fontes, foi necessário fazer uma ampla pesquisa, em parte digital e literária e em parte nos arquivos pessoais do executivo, que guarda clippings impressos encadernados pelas assessorias de comunicação das empresas que ele liderou”.

Fio da história

A história de Brumer começa com a chegada do pai dele, Szmul ou “seu” Jacó, como era chamado, ao Brasil e sua luta para trazer a família que, algum tempo depois, foi dizimada nos campos de extermínio. O caixeiro-viajante adoeceu, mas continuou trabalhando e foi assim que conheceu Nelça, a mãe de Brumer. Eles se casaram, tiveram sete filhos e durante a gestação do último deles, seu Jacó faleceu de uma doença do coração.

Sozinha com as crianças, dona Nelça prosseguiu lutando para criar os filhos e dela Brumer guarda uma admiração ímpar. Ainda menino, ele foi convidado por padres holandeses a ir para um seminário em Araguari, Minas Gerais. Lá o menino teve uma formação sólida, teológica e cultural. Mas decidiu não se tornar padre e voltou pra casa com o objetivo de ajudar a família. Desse propósito nasceu uma carreira brilhante que se estende ao longo da biografia até quando ele completou 70 anos de vida.

Nessa data, finalmente Brumer foi à Polônia, um dos poucos países do mundo que não conhecia, convidado pela esposa, Shirlene, e os dois filhos do casal. Lá ele visitou a terra-natal de seu pai, resgatou documentos, conversou com pessoas que reconheceram seu sobrenome e selou, com muita emoção, a trajetória do judeu errante.





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