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Consideradas extintas no Rio de Janeiro até 2017, antas estão sendo reintroduzidas em Unidade de Conservação

Do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro receberá mais três indivíduos do maior mamífero terrestre da América do Sul, a anta-brasileira (Tapirus terrestris). A ação, liderada pelo Refauna, em parceria com o BioParque do Rio, o Instituto de Ação Socioambiental, a Petrobras e a Reserva Ecológica de Guapiaçu, prevê a viagem de translocação, a ambientação em recintos pré-soltura e o monitoramento desses animais após a soltura. Atualmente, a única população de antas do estado conta com 14 indivíduos, sendo quatro nascidas na natureza e as outras 10 oriundas de reintroduções. A atual iniciativa visa realizar um reforço populacional, a fim de aumentar a presença da espécie no local.

Os indivíduos que terão um novo lar em meio à natureza em Cachoeiras de Macacu são duas fêmeas, carinhosamente nomeadas como Melancia e Castanha, que nasceram e vivem atualmente no Zoológico de São José do Rio Preto, e um macho nascido no Parque Ecológico de São Carlos, em São Paulo. A reintrodução da espécie na natureza é de suma importância dado o fato de que as antas estão classificadas como vulneráveis à extinção, com perda de 30% de suas populações nas últimas três décadas, devido à caça, atropelamentos e à perda e fragmentação de habitat. Além disso, esses mamíferos são considerados como "jardineiros das florestas" porque desempenham um importante papel na dispersão de sementes e na poda de ramos e herbáceas, contribuindo para um plantio natural em meio à natureza. No Rio de Janeiro essa espécie chegou a ser totalmente extinta há mais de 100 anos atrás. O último registro de antas no estado foi em 1914, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, e agora as instituições trabalham para recuperar essa perda.

A ação tem início oficialmente no dia 19 de janeiro, com a realização da translocação dos animais de São Paulo até a Reserva Ecológica de Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu, local em que os mamíferos passarão por uma ambientação para que se aclimatem ao novo ambiente em que passarão a viver, além de receberem e se adaptarem ao colar de telemetria que auxilia no monitoramento pós-soltura. A soltura total na natureza acontecerá em março.

A coordenação e execução das atividades de reintrodução e monitoramento das antas é liderado pelo Refauna, enquanto o BioParque do Rio é responsável pelo apoio técnico no transporte dos animais, pela reestruturação da ambientação no recinto de aclimatação e pelo patrocínio da ação, por meio do Instituto Conhecer Para Conservar. Já o Instituto de Ação Socioambiental desenvolve as atividades de educação ambiental e conscientização da comunidade do entorno e oferece assistência nas atividades de reintrodução e monitoramento dos animais, por meio dos projetos Antologia, patrocinado pela Eletrobras Furnas, e Guapiaçu, em parceria com a Petrobras.

Sobre o REFAUNA

O REFAUNA tem como objetivo restaurar as interações ecológicas que foram perdidas em florestas defaunadas através da reintrodução de fauna nativa em remanescentes de Mata Atlântica. O REFAUNA recentemente virou uma associação, composta por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), UFRRJ, IFRJ, PUC-Rio e Universidade Estácio de Sá. As reintroduções promovidas pelo Refauna envolvem múltiplas espécies: cutias, bugios, jabutis-tinga, trinca-ferros e em breve araras-canindé no Parque Nacional da Tijuca; e antas na Reserva Ecológica de Guapiaçu e Parque Estadual dos Três Picos. A reintrodução das antas é complexa e conta com diversos parceiros e apoios, como o Instituto de Ação Socioambiental, REGUA, Instituto Conhecer para Conservar, BioParque do Rio, além dos zoológicos e criadouros que doam animais para reintrodução na natureza.

Sobre o Instituto de Ação Socioambiental

O Instituto de Ação Socioambiental é uma organização social que reúne um grupo de profissionais de diferentes áreas de formação com um ideal em comum: a integração do ser humano em ambientes saudáveis, sustentáveis e resilientes. Dentro destes objetivos, o Ação Socioambiental - ASA foi criado há oito anos e cresceu junto com o Projeto Guapiaçu (hoje em sua quarta edição em parceria com a Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental), trabalhando no reflorestamento de áreas de Mata Atlântica, na capacitação de gestores e na sensibilização da população da região para a importância desta convivência sustentável. Além do Projeto Guapiaçu, o Ação Socioambiental - ASA também apoia a reintrodução da anta realizada pelo Refauna por meio do Projeto Antologia, patrocinado pela Eletrobras Furnas.

Sobre o Parque Ecológico de São Carlos, SP

Mantido pela Prefeitura Municipal de São Carlos, fundado em 1976, o Parque Ecológico maneja, pesquisa e promove programas de educação ambiental tendo como objetivo de trabalho e tema animais sul americanos, em especial a fauna brasileira. O local participa de vários programas e projetos de conservação de espécies de animais nativos do Brasil, em conjunto com outras instituições.

Sobre o Zoológico de São José do Rio Preto, SP

Fundado em 1973, o zoo de São José do Rio Preto é uma divisão da Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo que além do trabalho de manejo, pesquisa, educação ambiental e conservação ex situ de espécies ameaçadas de extinção, também atua como um centro de reabilitação de animais silvestres vitimados por ações antrópicas desde 2017, reabilitando em média, 1300 animais de vida livre ao ano.

Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA)

A REGUA é uma organização não governamental com mais de 20 anos de existência, situada na porção Leste da Baía de Guanabara, na sub-bacia do rio Guapiaçu, município de Cachoeiras de Macacu/RJ. Tem como missão a proteção dos remanescentes florestais de Mata Atlântica na bacia do rio Guapiaçu e sua biodiversidade, prevenção do desmatamento, da caça e da exploração predatória de recursos naturais. Além disso, tem o compromisso com a restauração de habitats nativos, reintrodução de espécies extintas localmente, apoio à pesquisa científica, podendo citar a produção de inventários da biodiversidade local, o turismo ecológico e a promoção da educação ambiental com a comunidade local e regional.







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