Ecossistemas, Mudanças Climáticas, Relação Homem-Animal, Desmatamento... como 12 diretores que não se conheciam fazem trabalhos com o mesmo propósito.
Por Nelson Tucci, de São Paulo
Colunista de Plurale
Homem e natureza são indissociáveis. Esta é a mensagem, clara, de 12 diretores de cinema, de vários países -- Brasil, Burkina Faso, Marrocos, Grécia, Índia, Japão, México, Suíça e Estados Unidos – expressas na antologia de 12 curtas-metragens retratando vínculos e interações entre humanos, vida animal e ecossistemas, enfocando meio ambiente e mudanças climáticas. Os curtas foram apresentados sequencialmente, com o nome Interactions, cujo lançamento latino-americano ocorreu na noite de ontem, 27 de março, no CineSesc, em São Paulo.
Para Adelina von Fürstenberg, fundadora da ART for the World, curadora de arte internacional e desenvolvedora de Interactions, a relação entre humanos e animais oferece um infinito campo de investigação com dimensões filosóficas, antropológicas e sociais que tratam de questões como o ecossistema, a biodiversidade, a poluição e as alterações climáticas. “Este tem sido um bom campo de reflexão – atravessado por pessoas criativas e inspiradas – que levantam questões ligadas às tradições, ética e estética, e tocam no nosso receio com relação ao estrangeiro e o desconhecido", define Adelina. Tudo está interligado no mundo e a mensagem ganha força quando veiculada pelo cinema, “até porque atinge uma boa parte do público jovem”, disse ela durante coletiva de imprensa que p recedeu a exibição do filme.
Já o cineasta (indígena) brasileiro Takumã Kuikuro alertou para a destruição na natureza e ameaças a toda a cultura indígena. “Antes eu mostrava a beleza do Xingu, toda a exuberância na natureza, mas agora é preciso denunciar o que muitos brancos têm feito, especialmente por meio de queimadas, para destruir e roubar os indígenas”, disse o diretor kuikuro. De acordo com Takumã, as câmeras e drones são o arco e flecha desses tempos... “Depois de demarcar a terra, estamos demarcando a tela”, destacou.
Outro brasileiro, Oskar Metsavaht, que vive no Rio de Janeiro e trabalha há 20 anos em prol da sustentabilidade, defende novos olhares nesse processo integrativo. “Um menino caiçara, por exemplo, sabe muito mais do mar que eu, que fico panfletando no centro do Rio”, exemplificou, fazendo pesadas críticas à pesca industrial.
Ainda na coletiva, perguntei a Takumã se as empresas, de uma forma geral, os procuraram, ou demonstraram algum interesse quando abordadas. Ele elogiou o SESC pelo apoio mas disse que as empresas não os procuram e normalmente não têm interesse em conversar quando procuradas. Pode existir aqui uma oportunidade que muitas companhias estão deixando de surfar, pois além de reforçar o discurso e a prática sustentável poderiam abraçar um bom projeto socioambiental, de alcance e difusão internacional.