Em Silvânia,Goiás, Nestlé apresenta para produtores rurais de leite o programa de certificação que valoriza as boas práticas sustentáveis, como bem-estar para vacas, implementação de agricultura regenerativa e produção leite de alta qualidade, com menos emissões
Texto e Fotos de Luciana Tancredo, de Plurale
De Silvânia (GO)
A Nestlé Brasil está envolvida em avançar no Circuito Net Zero Nature por Ninho, com foco em produtores rurais. E mostra os avanços já registrados por fazendas conveniadas, certificadas por valorizar boas práticas sustentáveis - como o bem-estar das vacas, a implementação de agricultura regenerativa e a produção de leite de melhor qualidade, com menos emissões.
O evento realizado na Fazenda Marinho, em Silvânia/GO, foi preparado especialmente para familiarizar os produtores rurais da região com as boas práticas da fazenda e chamá-los para participar do Programa Net Zero. Para isso, a organização contou com a presença dos representantes da Fazenda Marinho, considerada uma fazenda modelo dentro do programa. Maurício Cherubin, professor especialista da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), de São Paulo, falou principalmente sobre a importância da saúde do solo para o futuro sustentável do negócio de pecuária leiteira no Brasil. O evento mobilizou toda a equipe da Nestlé, responsável pelo projeto.
Produtores da região de Silvânia, Goiás, ouviram atentos às palestras sobre práticas sustentáveis. Foto de Luciana Tancredo/ Plurale.
Os produtores ouviram com atenção os detalhes da iniciativa, apresentada pela gerente de Milk Sourcing da Nestlé Brasil, Bárbara Sollero, que detalhou o sistema de bonificação e de incentivos às boas práticas. Falou também sobre a importância de enxergar o negócio com o pensamento no futuro. A Nestlé, através do Net Zero Nature por Ninho, vem incentivando grandes mudanças dentro das fazendas fornecedoras de leite, visando à melhor qualidade do leite produzido. É um projeto de certificação das fazendas, que reconhece e remunera as fazendas de forma diferenciada, de acordo com o nível das boas práticas adotadas por cada uma delas.
A gerente de Milk Sourcing da Nestlé Brasil, Bárbara Sollero, mostrou aos produtores as vantagens do novo modelo, detalhando o sistema de bonificação e de incentivos às boas práticas. Foto de Luciana Tancredo/ Plurale.
“O Circuito Net Zero é um dia de campo sobre agricultura regenerativa e pecuária de leite de baixo carbono que estimula uma produção que cuida do solo, da biodiversidade, da água, além do bem-estar dos animais e das comunidades rurais do entorno. O Estado de Goiás é estratégico para a produção leiteira nacional e, por isso, escolhemos para a segunda edição do Circuito NetZero a Fazenda Marinho. Assim, possamos, junto com os proprietários, parceiros e técnicos da Embrapa, demonstrar os benefícios destas práticas para o produtor, tirar dúvidas e engajar cada vez mais e mais produtores nesta jornada”, explicou Barbara Sollero, gerente de Milk Sourcing da Nestlé Brasil.
O professor Maurício Cherubin, da Esalq, explicou as vantagens da agricultura regenerativa. Foto de Luciana Tancredo/ Plurale.
“Estamos num momento de transformação inédito na produção nacional e não podemos ficar de fora disso. É uma mudança de mentalidade que exige parceria a longo prazo na qual dá para fazer diferente e ganhar dinheiro também. Por ser multifuncional, é necessário entender o solo, com toda a sua biodiversidade, também como um meio para estocar carbono”, complementou Maurício Cherubin, da Esalq.
As vacas ficam em galpões climatizados, com "camas” para o descanso adequado. Foto de Luciana Tancredo/ Plurale.
E em que consistem essas boas práticas? Na verdade, são várias atitudes tomadas para a melhoria no manejo dos animais- como a construção de galpões climatizados, com "camas” para o descanso adequado das vacas; a separação dos animais por idade e produtividade; e ainda cuidados para evitar a contaminação da água, por meio da construção de lagos com proteção e do correto descarte dos resíduos - e, mais recentemente, a implementação da agricultura regenerativa, com a utilização das plantas de cobertura e do consórcio de leguminosas. As fazendas recebem selos (bronze, prata e ouro), dentro de uma escala pré-estabelecida, quando aderem ao projeto Net Zero - e, assim, vão recebendo as bonificações e os incentivos.
A Fazenda Marinho, que hoje tem status de modelo dentro do Projeto Net Zero Nature por Ninho, teve o seu case de sucesso explicado em detalhes pelo CEO da Equilíbrio Rural, Celso Eduardo. O executivo mostrou aos outros produtores da região, por meio de gráficos, fotos e números concretos, a verdadeira transformação pela qual a fazenda passou, nos últimos anos.
O jovem Lucas Schmidt representa a segunda geração da Fazenda Marinho. Foto de Luciana Tancredo/ Plurale.
Guiados por Lucas Schmidt, que representa a segunda geração da administração da fazenda, os produtores puderam verificar, in loco, todas essas mudanças: visitaram o galpão dos animais e as áreas de cultivo, onde a agricultura regenerativa esta sendo implantada. “É um privilégio participar deste projeto que tem como objetivo aumentar a produção de leite sustentável em nosso país”, destacou Lucas Schmidt, que aproveitou para incentivar novos produtores a conhecerem a iniciativa da Nestlé.
A Nestlé iniciou, em 2021, uma parceria pioneira com a Embrapa para desenvolver uma pecuária de leite Net Zero no Brasil, em fazendas-piloto que descarbonizam suas respectivas produções nos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. A Fazenda Marinho faz parte desse grupo, que representa a diversidade e pluralidade dos diferentes sistemas de produção de leite no país. Essas propriedades - que contam com cerca de 2,5 mil vacas que produzem um total de aproximadamente 62 toneladas de leite por dia - passaram por um diagnóstico inicial das emissões de carbono e estão recebendo o acompanhamento e suporte técnico para a implementação das ações de redução, conforme plano personalizado realizado pela Embrapa, para cada realidade, observando itens como manejo e conservação do solo, manejo dos dejetos e práticas de agricultura regenerativa.
Plantio de niger, uma das espécies usadas na cobertura recomendada pelos especialistas. Foto de Luciana Tancredo/ Plurale.
A saúde do solo é a palavra-chave
Depois foi a vez de Mauricio Cherubin conversar com os produtores. " O nosso negócio está mudando; não é mais simplesmente plantar e adubar. A saúde do solo é a palavra-chave aqui", enfatizou obprofessor e especialista. Explicou que os produtores precisam começar a verificar a eficiência dos fertilizantes e se preocupar com os descartes dos resíduos, para evitar a contaminação do solo e da água. Destacou também a importância de promover diversidade de cultivos na fazenda, com a introdução da agricultura regenerativa. Nesse caso, as plantas de cobertura são grandes aliadas desse tipo de agricultura. Isso permite promover consórcios de plantações com leguminosas, para ter plantas vivas o ano inteiro, esclareceu, ressaltando a importância da multifuncionalidade do solo.
Os resultados do projeto já estão aparecendo. Gustavo Dutra é dono de uma fazenda com selo Ouro no Projeto Net Zero da Nestlé; e diz que, com o melhor gerenciamento da fazenda e com a implementação dos galpões, com a separação animal, com a cobertura de solo e com a descontaminação das lagoas, sua produtividade pulou, em um ano, de 22 litros para 33 litros por animal. Vaca feliz produz mais.
Pelo menos 100 fazendas já vêm sendo remuneradas na categoria Ouro, o que equivale a mais de 7 mil campos de futebol sendo regenerados, comemora Bárbara Sollero.
(*) Plurale viajou para Silvânia/ GO em grupo de jornalistas a convite da Nestlé Brasil.