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Entrevista à Plurale com Ommid Saberi, Global Lead and Industry Expert da IFC

Em entrevista à Plurale, o representante do braço privado do Banco Mundial explica como a IFC atua no país para fomentar a construção de prédios verdes

Com um total de cerca de 1 milhão de metros quadrados de área construída certificada e mais de meio milhão em fase de validação, o Brasil deve se tornar, nos próximos anos, protagonista no cenário global de edifícios verdes certificados pela IFC (International Finance Corporation), braço privado do Banco Mundial. A avaliação é de Ommid Saberi, líder global, para esse segmento, da IFC, responsável pela certificação EDGE, sigla para Excellence in Design for Greater Efficiencies.

Ao todo, são 53 empreendimentos certificados com a EDGE no Brasil, que incluem mais de 7,5 mil “unidades verdes”, com outros 44 projetos em processo de obtenção da certificação nos próximos meses, que representam mais de 5,5 mil unidades.

Os projetos certificados pela EDGE no País vão permitir a redução de emissão de cerca de 5 mil toneladas de CO2. Outros benefícios dessa certificação vêm com a economia preciosa de recursos, importante para o meio ambiente e também para a redução de custos das empresas e dos ocupantes dos edifícios. E não se resumem aos empreendimentos residenciais, como explica Ommid, em entrevista à Plurale.

A certificação EDGE tem três níveis, sendo que, para a obtenção da mais básica delas, o empreendimento precisa comprovar uma economia de ao menos 20% no consumo de água, energia e material de construção. No segundo nível – EDGE Advanced –, esse índice de economia é de 40%. No mais avançado, EDGE Zero Carbon, a exigência é de 100% de energias renováveis ou compensações de carbono adquiridas.

“Considerando que uma família de baixa renda pode gastar até 15% de seu orçamento mensal em contas de consumo, como água e energia, esses pressupostos da certificação acabam tendo, também, um aspecto social”, explica Saberi. Para as incorporadoras, o custo da obtenção da EDGE pode variar de R$ 900 a R$ 2 mil por unidade, valor que “se paga” com as economias obtidas em um prazo de quatro a sete anos.

Em linha com uma preocupação global com a região, o executivo da IFC explica que, embora a maioria dos edifícios certificados EDGE esteja principalmente em São Paulo, a instituição está expandindo a sua atuação para outras cidades de todas as regiões do Brasil.

Plurale: O senhor considera importante diversificar as regiões com certificações (mais concentradas em São Paulo hoje em dia) e apoiar um crescimento na Amazônia e no Nordeste, por exemplo?

Ommid Saberi: Os edifícios certificados estão concentrados, hoje, principalmente em São Paulo, mas a EDGE vem se expandindo para outras cidades, incluindo Rio de Janeiro, Salvador, Goiânia, Fortaleza e Curitiba. Particularmente na região Norte, nós, da IFC, estabelecemos parcerias com os municípios de Belém, Manaus, Palmas e Porto Velho para oferecer assistência técnica, que permitirá a esses governos municipais criarem incentivos às construções verdes. Esperamos ver os resultados nessas regiões e cidades nos próximos anos. Em 2022, assinamos um memorado de entendimento (MoU) com a Câmara da Indústria e Construção do Brasil (CBIC) para promover a construção de edifícios verdes no País, por meio de uma série de atividades de treinamento e iniciativas de conscientização pública. Parceiros como a CBIC nos ajudarão a expandir o mercado de construção verde para as outras regiões do Brasil.

Plurale: A IFC apoiou alguns cursos para servidores nos Estados da região amazônica? Como foi?

Ommid Saberi: Como parte da assistência mencionada anteriormente, mais de 120 servidores públicos e representantes do setor privado na região já foram treinados desde julho de 2022. Esperamos trabalhar com mais cidades interessadas em expandir a construção de edifícios verdes em suas jurisdições.

Plurale: É importante diversificar a certificação também quanto ao perfil dos edifícios, com mais certificações em plantas industriais e armazéns, por exemplo?

Ommid Saberi: Sem dúvida. Até o momento, a maioria dos projetos certificados são edifícios residenciais, mas a certificação EDGE pode ser aplicada a vários tipos de edifícios, incluindo escolas, hospitais, escritórios, armazéns, comércio e plantas industriais. Em outros países já existem aeroportos, templos religiosos e até estádios de futebol certificados com a EDGE. Será ótimo ver mais dessa variedade de construções verdes também no Brasil.

Plurale: Qual é a importância de obter a certificação EDGE para esses setores?

Ommid Saberi: A necessidade de descarbonizar o ambiente construído não abrange apenas os edifícios residenciais. Todo edifício usado para moradia, trabalho e lazer precisa ser eficiente em termos de utilização de recursos, para garantir que o Planeta esteja no caminho certo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Nesse sentido, a certificação EDGE é uma excelente solução para traçar um caminho para chegarmos num futuro de carbono zero, pois é simples e acessível. Esperamos que a EDGE possa ser utilizada por todos os tipos de construção no Brasil e o País se torne líder no mercado de construção verde na região.







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