Viviane Faver, de NYC
Especial para Plurale
Faltando apenas sete semanas para a Semana do Clima de Nova York 2023, a ser realizada de 17 a 24 de setembro, e a urgência de abordar a mudança climática está ao nosso redor: as temperaturas do mar estão quebrando recordes, os nova-iorquinos não podem sair por causa dos incêndios florestais canadenses e as ondas de calor mantêm as pessoas dentro de casa em grande parte do mundo. Precisamos agir; precisamos fazer isso agora – e podemos.
No evento histórico do Climate Group em setembro serão discutidas tecnologias revolucionárias e financiamento inovador, que aceleraram as ações de eficiência energética no ambiente construído. Afinal, a forma mais verde de energia é a energia que você não usa, e melhorar a eficiência energética de nossas casas, escritórios e fábricas é crítico para o clima.
Os edifícios representam quase 40% das emissões globais de gases de efeito estufa. E apenas quatro categorias de aparelhos – iluminação, ar condicionado, refrigeração e sistemas de motores industriais – usam 40% da demanda global de eletricidade. No entanto, o outro 'número 40' a ter em mente é que as melhorias na eficiência energética podem responder por mais de 40% da redução global necessária das emissões relacionadas à energia nas próximas duas décadas, de acordo com a AIE.
O chefe do escritório da Climate Group na Europa e líder do tópico de alimentos, Jeroen Gerlag, responde a algumas perguntas urgentes sobre o impacto dos sistemas alimentares nas mudanças climáticas e sobre a importância da escala e da velocidade.
Plurale - Por que o foco será nos sistemas alimentares durante a Climate Week NYC deste ano?
Jeroen Gerlag - É um dos principais impulsionadores das mudanças climáticas, responsável por aproximadamente um terço das emissões globais de gases de efeito estufa e quase um terço do consumo mundial de energia. Se quisermos chegar a zero líquido até 2050, com maior prosperidade para todos, precisamos repensar como produzimos, transportamos e consumimos nossos alimentos.
Trabalhamos em muitos projetos e tópicos relacionados a alimentos no passado e temos mais de 60 empresas de alimentos e bebidas associadas. Trabalhamos com eles em energia e transporte, enfatizando a importância das cadeias de abastecimento de alimentos na redução de emissões, Natureza, Sistemas Alimentares e Saúde é um tópico importante na Semana do Clima de Nova York deste ano.
Plurale - Qual é o principal desafio para os seus membros na cadeia de abastecimento alimentar?
Jeroen Gerlag - A alimentação é uma faca de dois gumes: enquanto a fome e a insegurança alimentar crescem em todo o mundo, também por causa das secas e das inundações, o próprio sistema alimentar continua sendo um dos principais motores das mudanças climáticas. Esse paradoxo é um dos desafios.
Outro desafio é a cadeia de resfriamento: precisamos transportar alimentos refrigerados, para evitar o desperdício e perda de alimentos. Mas isso consome energia; então, como podemos garantir que o resfriamento ocorra de maneira sustentável? Já temos muita experiência nisso, pois trabalhamos na encruzilhada onde alimentos, energia e transporte se encontram, e na Climate Week NYC reunimos tudo isso.
Finalmente, um grande desafio para as cadeias de abastecimento alimentar é a colaboração; como reunir as empresas e os especialistas certos em uma sala para trabalhar em soluções? Acontece, mas precisa acontecer em maior escala e maior velocidade. Essa é uma das razões pelas quais a Climate Week NYC existe – garantir que essas reuniões aconteçam e, neste caso, impulsionar ações nas cadeias de abastecimento de alimentos.
Plurale - Em quais projetos você e seu time estão trabalhando ?
Jeroen Gerlag - Na América Latina, estamos trabalhando com governos e empresas regionais na agricultura regenerativa. Na Europa, estamos reunindo algumas das maiores cervejarias do mundo para trabalhar com calor renovável em seu processo produtivo. E estamos buscando soluções na cadeia de resfriamento de alimentos, como mencionei anteriormente. Resfriar alimentos é importante para garantir sua qualidade dos alimentos, mas também gera muitas emissões devido ao uso de energia. A questão-chave para alguns de nossos membros é: como podemos aquecer a cadeia de resfriamento e manter os alimentos seguros para consumo?
Plurale - Qual é o papel do setor privado na transição justa? Como você vê a cooperação com os governos subnacionais?
Jeroen Gerlag - É vital. As empresas nas cadeias de abastecimento alimentar não só têm a responsabilidade, mas também a influência para trabalhar numa transição justa. Por exemplo, trabalhando em estreita colaboração com seus agricultores e fornecedores diretos, por exemplo. Sempre tentamos aproximar as empresas e os governos com os quais trabalhamos; só podemos enfrentar o desafio se unirmos forças. Outro exemplo: montamos um projeto com um dos membros da Coalizão Under2, na região de Madre de Dios no Peru, que trabalhou com agricultores em soluções baseadas na natureza para armazenar emissões, melhorando os meios de subsistência locais e apoiando as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Peru rumo a 2050.
Plurale - Mas onde entra a Saúde?
Jeroen Gerlag - Focamo-nos na Natureza, nos Sistemas Alimentares e na Saúde porque estão todos interligados. Mudar os sistemas alimentares significa mudar a forma como produzimos alimentos, e como esses alimentos são consumidos – a qualidade e o volume dos alimentos e como os alimentos são distribuídos pelo mundo. Onde há fome e desnutrição em algumas partes do mundo, há consumo excessivo e problemas de saúde associados em outras partes. Somente quando enfrentarmos esses desafios de maneira coordenada, veremos a mudança de que precisamos.
Plurale - Quais serão os destaques das sessões da Climate Week NYC?
Jeroen Gerlag - Em nossas sessões, trabalhamos com empresas líderes mundiais no sistema de alimentos. O sucesso depende das respostas que encontramos juntos e das mudanças que conduzimos. As ações e projetos que surgem dessas sessões precisam fazer parte do nosso legado, e todos devem contribuir para a nossa missão, impulsionando a ação climática, rapidamente.
A Climate Week NYC começa no domingo, 17 de setembro, com a cerimônia de abertura. Na segunda e na terça-feira, 18 a 19 de setembro, o Climate Group apresenta o The Hub Live, o programa interativo da Climate Week NYC para soluções, tecnologias e ideias inovadoras que impulsionam a ação climática agora.
