POR SÔNIA ARARIPE e ANTONIO CARLOS TEIXEIRA, EDITORA e REPÓRTER DE PLURALE
Nos dias 18 e 19 de novembro, o Brasil sediará a reunião de cúpula do G20, o grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana. A 19ª edição do encontro será realizada na cidade do Rio de Janeiro e o Brasil, pela primeira vez, presidirá a reunião dos principais chefes de Governo e de Estado do mundo. O governo brasileiro estabeleceu três tópicos centrais para nortear as discussões no encontro: inclusão social e combate à fome e à pobreza; promoção do desenvolvimento sustentável, considerando os pilares social, econômico e ambiental; e reforma das instituições da governança global. Logo, é clara a interseção das agendas do G20, dos padrões internacionais de ESG (environmental, social and governance, ou ambiental, social e governança, ASG) e do Setor de Seguros. Executivos do Setor, inclusive, participarão de pelo menos três “Forças-Tarefa” da iniciativa Business 20 da cúpula (B20), que promove a cooperação entre lideranças empresariais globais e governos, para enfrentar os grandes desafios contemporâneos mundiais. Um sinal inequívoco do lugar de destaque do Seguro no G20, a seleta cúpula da economia mundial. Neste sentido, a Plurale ouviu alguns dos maiores e mais destacados especialistas nessas áreas para avaliar qual é a colaboração do Seguro para o alcance dessas metas e objetivos globais do G20, sob a ótica ESG.
Paulo Protásio, Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra). Foto de Divulgação.
Paulo Protásio, Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra) concedeu entrevista exclusiva à Plurale
Com a experiência de quem é um dos mais relevantes interlocutores no assunto “Brasil na agenda internacional”, Paulo Protásio, Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra) concedeu entrevista exclusiva para Plurale sobre esta temática.
Paulo Protásio destaca que os países do G20 são responsáveis por mais de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). “É, portanto, esperado que o Governo anfitrião, o Brasil, no seu papel de atual presidência do G20, queira promover uma agenda substancial de política climática”, frisa. O Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra), lembra que, para além da apresentação de planos ambiciosos de proteção climática de todos os membros do G20 até 2050 – da redução de subsídios não respeitadores do ambiente, da fixação de preços do carbono ou do investimento em infraestruturas sustentáveis (e políticas correspondentes) – o G20 também assumiu a responsabilidade pelo seu papel diante das alterações climáticas e, em particular, apoiar os países vulneráveis que não estão entre os poluidores relevantes, na sua luta contra a crise climática global.
Para quem não sabe, Protásio foi um dos principais articuladores para que o Brasil recebesse a famosa Conferência da ONU, a Rio 92, em 1992, quando se inseriu na agenda da busca pelo Desenvolvimento Sustentável e depois tem sido constante interlocutor para sempre inserir o Rio de Janeiro nesta pauta global. Protásio, que também é Diretor-Executivo da Autoridade do Desenvolvimento Sustentável, autarquia ligada ao Governo do Estado do RJ – esteve muito presente, recentemente, na coalizão que buscou atrair a reunião do G20 para a Cidade Maravilhosa.
Paulo Protásio conhece de perto o mercado de seguros – tendo atuado direta e indiretamente e também por conta do seu irmão, Carlos Protásio, um dos grandes expoentes do segmento. Com este olhar de quem conhece a Agenda ESG e também o mercado de seguros, ele recomenda que “toda a atenção deve ser dada às recomendações globais que a Índia (onde foi realizada a reunião de 2023) entregou para o Brasil como anfitrião e todos os esforços devem ser considerados, pois o mundo está amadurecendo na busca de soluções”.
O Diretor-Executivo da Autoridade do Desenvolvimento Sustentável do Estado RJ explica que, ao contrário do Brasil, as revisões recentes para cima nas projeções de crescimento da Índia, feitas por S&P, Morgan Stanley e Moody's, sinalizam uma perspectiva promissora para a economia do país. A S&P elevou sua previsão de crescimento de 6,4% para 6,8%, o Morgan Stanley de 6,1% para 6,8% e a Moody's de 6,6% para 8% para o atual período fiscal. “Esses ajustes refletem o crescente otimismo – tanto doméstico quanto global – alimentado por gastos robustos com manufatura e infraestrutura. Essas revisões estão ligadas à trajetória atual da Índia, que a coloca como líder das economias do G20 em termos de crescimento econômico, impulsionado por gastos do governo e consumo interno”, afirma. E complementa que o G20 da Índia acabou por dar ao ministro das Finanças a certeza de que a Índia deve crescer mais de 8% entre janeiro e março de 2024. “O país emergiu para se tornar a 5ª maior economia global e o governo planeja transformá-la na 3ª maior do mundo até 2027. A Índia avançou com a sua Cúpula e colocou em mãos do Brasil uma nova oportunidade: a de tornar o Brasil o país anfitrião, ao traduzir em ação para a competitividade regional com desenvolvimento sustentável, as propostas globais. Estamos diante de uma ação subnacional que pode ser aproveitada pelos Estados e Municípios brasileiros e o momento poderá ser muito rico.”
Redução de riscos de desastres – Questionamos o especialista sobre a questão da redução dos riscos de desastres, tema tão sensível para seguradoras. Paulo Protásio lembrou que a Presidência do G20 Índia alcançou um marco significativo ao criar consenso para iniciar um novo fluxo de trabalho sobre a redução do risco de catástrofes, depois de assumir a Presidência do G20. “Esta ocasião serviu como retumbante apelo à ação para que a comunidade global se una e inicie, de forma colaborativa, o caminho para um futuro fortalecido contra a devastação causada por desastres. Sob esse aspecto a reunião, por exemplo do COSUD, já em curso no Brasil, poderia ser um laboratório perfeito em escala regional e continental para a América do Sul”, sugere Protásio, referindo-se ao Consórcio de Integração Sul e Sudeste, que consolida a agenda de cooperação entre os governos das duas regiões brasileiras em temas econômicos, sociais e ambientais.
Recentemente, o secretário-geral da ONU, António Guterres, observou que "uma em cada três pessoas em todo o mundo, principalmente em Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e Países Menos Desenvolvidos (...) não tem acesso a sistemas de alerta precoce eficazes".
O Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra) reiterou que o avanço dos sistemas de alerta precoce, para atender às necessidades de hoje e das gerações futuras expostas à intensificação dos riscos climáticos, dependerá da cooperação. “A reunião no Brasil poderá constituir um sistema eficaz de alerta precoce multirriscos e dos desafios atuais que estão a ser enfrentados para a sua implementação. A cooperação em nível global, regional e transfronteiras, nacional e vizinho para um maior envolvimento entre os países do G20, no sentido de alcançar um sistema de alerta precoce multirriscos para todos é muito real. A cooperação poderá criar uma cadeia de valor de informação global e local sem descontinuidades para alertas precoces; mobilizar investimentos proativos, orientados ao risco e pioneiros; ampliar soluções tecnológicas adequadas e inovadoras; e incentivar a colaboração entre todos os grupos de partes interessadas”, destacou.
Estratégias para combater a corrupção – Paulo Protásio conta que a Índia, em seu segmento do grupo de trabalho anticorrupção, foi pródiga em reunir estudos, debates, tecnologias e propostas. E opina: “A natureza transnacional da corrupção exige uma cooperação internacional reforçada e eficaz entre os seus homólogos. O Grupo de Trabalho Anticorrupção do G20 tem liderado a luta global contra a corrupção, demonstrando e promovendo liderança, governança eficaz e acelerando a implementação prática de compromissos anticorrupção. Um dos aspectos importantes da melhoria da cooperação internacional é a Assistência Jurídica Mútua (MLA)”.
Para quem ainda não está acostumado com todos estes termos, o mecanismo do MLA geralmente abrange a cooperação formal entre o governo e a assistência na investigação e acusação de crimes ou processos relacionados quando evidências ou informações relacionadas a uma investigação criminal, processo ou processo relacionado estão localizadas em um país estrangeiro. O MLA também pode ser usado para identificar e recuperar produtos de crimes relacionados à corrupção.
Protásio continua: “É do interesse de todos os países poder prestar e solicitar a mais ampla assistência possível em matéria penal, a fim de garantir que os criminosos não possam escapar à Justiça porque as provas da sua conduta criminosa ou do produto dos seus crimes estão localizadas numa jurisdição estrangeira. Esse tema terá um destaque global de muito significado para o país anfitrião”. O especialista destaca que o Grupo de Trabalho Anticorrupção do G20 identificou, desde a sua criação, a necessidade de reforçar a cooperação internacional na luta contra a corrupção e manteve-se empenhado em intensificar as ações, adotando princípios, documentos e guias políticos de alto nível, bem como partilhar experiências políticas e de implementação. “O mecanismo de relatórios de prestação de contas desenvolvido pelo G20 tem servido como um mecanismo de revisão regular, construído em modelo de autoavaliação, que permite aos membros identificar áreas de melhoria e compartilhar as melhores práticas, criando um ambiente colaborativo para combater a corrupção em nível nacional e internacional”, conclui Paulo Protásio em entrevista exclusiva à Plurale.
CNseg avalia papel relevante do mercado segurador no desenvolvimento da agenda ESG no encontro do G20 no Brasil
Ana Paula de Almeida Santos, Diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da CNseg. Foto de Divulgação.
Ana Paula de Almeida Santos, Diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida e Capitalização – CNseg, também foi ouvida por Plurale para este Especial sobre ESG/Seguros e G20. “Acredito que os assuntos que serão pautados no G20 estão interligados e todos são cruciais para o desenvolvimento sustentável e inclusivo do Brasil e dos países membros. Ao mesmo tempo, a agenda ESG tem despontado como um dos principais temas no mercado securitário, não somente pelo marco regulatório (a Circular 666/2022 da SUSEP), mas pela transversalidade do tema com as atividades econômicas do país. Justamente por isso, acredito que existem três tópicos que podem ser destacados: tendências econômicas mundiais, compromissos e estratégias para enfrentar as mudanças climáticas e iniciativas para promover o emprego, combate à fome e à pobreza.”
Ana Paula lembra que em dezembro de 2023, dirigentes da CNseg estiveram na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), em Dubai (Emirados Árabes Unidos) e tiveram a oportunidade de presenciar o quanto as lideranças de diversos países começaram a enxergar o seguro como um aliado na construção de uma resiliência contra as mudanças climáticas, seja como agente de adaptação, seja na mitigação de riscos. “Por isso, acredito veementemente que as seguradoras e as resseguradoras ganharão ainda mais espaço nos debates e nas estratégias mundiais relacionadas ao desenvolvimento econômico global sustentável. Afinal, não há economia eficiente e sustentável sem ações assertivas no combate aos desafios climáticos e não há como alcançarmos um bom patamar na execução de boas práticas em ESG sem os investimentos financeiros adequados.”
Parcerias importantes – A Diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da CNseg destaca que, aqui no Brasil, a CNseg atua para incentivar a cultura do seguro nas pessoas, além de desenvolver e viabilizar novas ferramentas que contribuam tanto com a população quanto com as empresas que atuam nesse mercado. “Um bom exemplo disso é a parceria com a UNEP-FI (Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e a ERM-NINT (consultoria global ESG), que teve como objetivo replicar no Brasil o projeto global “Construindo Seguros Para Transição Climática”, que teve como objetivo a avaliação qualitativa e quantitativa dos principais riscos climáticos no país e seus impactos nas seguradoras, cujos resultados foram lançados em fevereiro de 2024. E em breve iniciaremos a segunda fase, que terá como objetivo o mapeamento e avaliação dos principais impactos de riscos climáticos de transição e de litígio”, afirma.
A ideia, explica Ana Paula, é ter a CNseg como catalisadora de iniciativas, informações, estudos e dados relacionados a clima e meio ambiente, que serão utilizadas para aprimorar o papel do seguro na mitigação e prevenção de eventos climáticos extremos.
A Diretora da CNseg destaca que outra parceria internacional importante foi a estabelecida com o ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade), associação mundial de governos locais e subnacionais dedicada ao desenvolvimento sustentável. “No termo de cooperação em questão, visamos á promoção e à realização do projeto “Mecanismo de Seguro para Infraestruturas Urbanas” –Urban Infrastructure Insurance Facility (UIIF). Nele, promoveremos o intercâmbio de expertise entre as duas entidades para criar um programa de seguros que será disponibilizado para suporte aos municípios em caso de desastres climáticos. Este projeto será inicialmente subsidiado pelo Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) e será implementado inicialmente nas cidades brasileiras de Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Salvador (BA).”
Além disso, complementa, a CNseg também está se movimentando junto ao Governo Federal. “Por isso, cada vez mais, a Confederação tem se articulado com mais veemência junto às lideranças políticas, a fim de criar oportunidades para o setor que possui tantas particularidades, mas que também é uma potência quando falamos na capacidade de contribuição ao desenvolvimento econômico do País”.
Nesse sentido, diz, também vale destacar a proposta de seguro social de catástrofe, que foi apresentado pelo mercado segurador ao Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, prevendo a indenização de vítimas de desastres naturais, como alagamentos e inundações causados por chuvas. As propostas de indenizações seriam de R$ 15 mil para cada residência atingida e R$ 5 mil em caso de falecimento. Mediante um investimento de R$ 3, que seria pago na conta de energia elétrica, os moradores de todas as regiões do Brasil teriam direito a este seguro. E pensando também na população de baixa renda, na proposta apresentada pela CNseg, os inscritos no CadÚnico não fariam nenhum tipo de investimento, mas seriam igualmente cobertos. Segundo Ana Paula, a intenção do Setor de Seguros brasileiro ao propor este substitutivo ao PL 1.410/22 é justamente contribuir com o nosso país que, com cada vez mais frequência, tem experimentado as consequências das mudanças climáticas e dos eventos climáticos extremos.
Ana Paula conta ainda que, visando um futuro econômico mais inclusivo e sustentável para todos, acredito que ainda vale destacar duas ações da CNseg voltadas à capacitação profissional e inclusão social. A primeira delas, é o projeto de desenvolvimento da educação técnica assinado com o governador do Pará, Helder Barbalho. Nesta iniciativa, 50 jovens do estado, com idades entre 17 e 29 anos e que tenham passado pela escola pública, terão acesso a cursos de formação em linguagem de programação. Além deste projeto, conta Ana Paula, recentemente a CNseg promoveu uma ação similar em parceria com o Senac RJ, com apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro: o “Programadores Cariocas no Mercado Segurador”, na qual 50 alunos terão uma ajuda de custo de R$ 500 mensais ao longo do curso e os 10 melhores classificados serão contratados por seguradoras associadas à CNseg.
“Ter a presidência do G20 é uma oportunidade única para o Brasil de pautar os principais temas globais que norteiam os rumos de países e povos, e o Setor de Seguros brasileiros tem a oportunidade de se posicionar de forma definitiva como peça fundamental para o desenvolvimento sustentável e inclusivo brasileiro”, conclui a Diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da CNseg.
ENS: a indústria de Seguros tem um papel importantíssimo e particular interesse na pauta ESG.
Ronny Martins, Gerente de Pós-Graduação e Programas Especiais da ENS. Foto de Divulgação.
Representando a Escola de Negócios e Seguros, Plurale ouviu Ronny Martins, Gerente de Pós-Graduação e Programas Especiais da Escola de Negócios e Seguros (ENS).
Ronny Martins destacou que, por conta da severa regulação que as obriga a possuir relevantes reservas técnicas, as seguradoras estão entre os maiores investidores em nível mundial, podendo, portanto, priorizar/focar seus investimentos em iniciativas ambientalmente sustentáveis e socialmente responsáveis, contribuindo para a transição para uma economia de baixo carbono.
No que tange ao desenvolvimento de seus produtos e operações, avaliou Ronny Martins, a indústria tem um fértil terreno para o reforço da agenda ASG, desde a oferta de produtos cada vez mais personalizados e atentos às questões ambientais, sociais e de governança, assim como a plena digitalização das suas operações - reduzindo, se não eliminando, o uso de papel - a utilização de tecnologias de energia verde em suas instalações, além da reciclagem de resíduos.
“Conforme demais indústrias do setor de serviços, o mercado de seguros já possui, no Brasil, um percentual superior de participação feminina na sua força de trabalho, o que contribui para um expressivo avanço nas questões de gênero nas últimas décadas. O mercado possui ainda instituições como a Sou Segura e o Idis (Instituto pela Diversidade e Inclusão no Setor de Seguros), que permanecem atentos às questões LGBTQIA+, étnico-raciais, geracionais etc”.
Ronny Martins frisa que, enquanto compradoras de riscos, as seguradoras podem considerar aspectos ambientais em suas práticas de subscrição, estimulando seus clientes a adotarem práticas ecológicas, fornecendo coberturas para tecnologias energeticamente eficientes, por exemplo, para que gerenciem suas atividades de modo a reduzir riscos de natureza ambiental, social e de governança.
“Finalmente, o apoio para a transição para uma economia verde beneficia a indústria de seguros em dois aspectos primordiais: a redução de riscos de natureza ambiental e consequente diminuição de sinistros, além do importante reforço reputacional e de imagem para uma indústria fundamentada na confiança.”
Estudo é documento de vanguarda do ESG no Seguro – O Gerente de Pós-Graduação e Programas Especiais da ENS complementa que o Setor de Seguros pode contar com uma instituição de ensino superior dedicada: a Escola de Negócios e Seguros (ENS), que dá uma contribuição direta para o desenvolvimento da agenda ASG, ao oferecer programas educacionais e serviços que dialogam com os três pilares da pauta, entre eles: Certificação Avançada em ASG & Seguros, Certificação Avançada em Seguro Ambiental, Certificação em Aceleração Digital para Corretores de Seguros, Certificação Avançada em Inovação em Seguros e Insurtechs, e programas sobre Gerenciamento de Riscos, em diversos níveis. Além disso, cita Martins, a ENS atualiza, a cada três anos, a pesquisa "Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil", que enfoca a participação feminina no Setor de Seguros. Esse estudo, inclusive, completou dez anos e é reconhecido como documento de vanguarda da Agenda ESG do Seguro no Brasil. Outro estudo que a Escola elaborou foi "Mulheres Chefes de Família no Brasil". Essas pesquisas estimulam o debate e geram reflexões fundamentais sobre temas como equidade de gênero e empoderamento da mulher no mercado de trabalho.
Susep: Diretora Técnica afirma que “mudanças de paradigma e momentos de transição implicam aumento de riscos”
Jessica Bastos, Diretora Técnica da Susep.Foto de Divulgação.
“Mudanças de paradigma e momentos de transição, como é o caso da transformação ecológica, costumam implicar aumento de riscos”, argumenta Jessica Bastos, Diretora Técnica da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Jessica propõe que o Setor crie produtos inovadores, centrados em tecnologia, para suprir processos produtivos que promovam a sustentabilidade em áreas emergentes, como energias renováveis, construções verdes e veículos elétricos, por exemplo. Segundo ela, a oferta de produtos para esses segmentos pelas seguradoras é uma forma de oferecer coberturas para “novos riscos” e de incentivar o investimento na inovação tecnológica, uma das forças motoras da Agenda ESG.
Luciana Amaral, Diretora de Pessoas, Planejamento e Sustentabilidade da seguradora Tokio Marine. Foto de Divulgação.
Compromissos para enfrentar as mudanças climáticas – “Em nosso portfólio, procuramos oferecer soluções em seguros relacionados a riscos ambientais ocasionados por eventos imprevistos de poluição ambiental incorridos nas operações comerciais e/ou industriais e relacionados ao transporte de produtos perigosos e cargas comuns”, afirma Luciana Amaral, Diretora de Pessoas, Planejamento e Sustentabilidade da seguradora Tokio Marine. Com investimentos e planejamento estratégico focados em sustentabilidade em 2024, a seguradora reúne sob a chancela “Tokio ESG” uma série de iniciativas voltadas para os campos ambiental, social e de governança, em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Entre as medidas adotadas pela Tokio Marine em prol da preservação ambiental global, a executiva cita a proibição de novos negócios da seguradora com indústrias que extraem e/ou utilizam carvão como combustível. A queima de combustíveis fósseis, como carvão mineral, gera dióxido de carbono (CO2), um dos principais GEEs. Segundo o AR6 Synthesis Report: Climate Change 2023 (Relatório Síntese sobre Mudança Climática), lançado recentemente pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC/ONU), a temperatura média mundial já subiu 1,1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. Segundo o IPCC, esse é um resultado de mais de um século de queima de combustíveis fósseis, causando, segundo os cientistas da organização, o aumento da frequência e da intensidade dos eventos climáticos extremos.
O Pacto de Solidariedade Climática proposto ao G20 pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, define o estabelecimento de uma Agenda de Aceleração que envolve o alcance do Net Zero (a extinção das emissões líquidas de GEE) até 2040 para os países desenvolvidos e até 2050 para as nações em desenvolvimento; o fim do uso do carvão fóssil como combustível até 2030 no âmbito da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e até 2040 para os demais países; e a extinção das emissões líquidas no setor de eletricidade até 2035, nos países desenvolvidos e até 2040 para o resto do mundo.
Subscrição de riscos: ESG incentiva economia responsável – A Diretora Técnica da Susep também indica que o Seguro pode ser um agente importante de mudança em outra frente de atuação, em sintonia com os aspectos ESG: a subscrição de riscos. Ao realizarem tal procedimento, segundo ela, as empresas do setor exercem um "importante papel” para o desenvolvimento da economia. “Ao incluir critérios ESG nesse processo, as seguradoras consideram os impactos ambientais e sociais das empresas e projetos que estão segurando; e usam esses fatores para precificar um risco ou mesmo para rejeitá-lo, promovendo e incentivando a responsabilidade dos diversos setores da economia”, analisa Jessica Bastos.
Fenacor sugere modelo de colaboração para correção no habite-se de obras para evitar que autorizações ad eternum não acompanhem a gestão contemporânea de prevenção de riscos
Carlos Valle, Vice-Presidente de Comunicação da Fenacor. Foto de Divulgação.
Carlos Valle, Vice-Presidente de Comunicação da Federação Nacional dos Corretores e Empresas Corretoras de Seguros (Fenacor), sugere um modelo de colaboração que leve em consideração uma “correção” na concessão do habite-se de qualquer tipo de obra, para evitar que essa autorização seja ad eternum e não acompanhe as transformações contemporâneas nas áreas de gestão ambiental e de sustentabilidade, principalmente em relação à prevenção de riscos. “A seguradora, como responsável financeira pelo patrimônio segurado, é a maior interessada e a mais competente para avaliá-lo, servindo-se da inspeção prévia para acatar ou sugerir adequações para que sejam evitados riscos, tanto para o próprio bem segurado quanto para terceiros”, enfatiza.
Já Luciana Amaral ressalta que uma das modalidades de seguro residencial da Tokio Marine oferece serviços que estimulam os segurados a reduzir os seus impactos ambientais e a adotar um estilo de vida mais sustentável. “Esses serviços vão desde consultoria para o uso consciente de energia elétrica e água e reciclagem do lixo residencial e descarte responsável de móveis e equipamentos”, exemplifica. Em 2023, segundo a executiva, a Tokio Marine procedeu a coleta e ao descarte ambientalmente correto de aproximadamente 17 toneladas de móveis, eletrônicos e eletrodomésticos.
Sustentabilidade climática – A sugestão dada pelo Vice-Presidente de Comunicação da Fenacor vai ao encontro de temas que serão debatidos na reunião do G20 e reflete a preocupação apresentada pelo Global Status Report for Buildings and Construction (Buildings-GSR) (Relatório de Status Global para Edifícios e Construção), publicado pela Aliança Global para Edifícios e Construção (GlobalABC) e organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). De acordo com a mais recente versão do relatório (2022), os edifícios foram responsáveis por 34% da demanda global de energia e por 37% das emissões de dióxido de carbono (CO2). Além disso, a construção civil contribui significativamente com as mudanças climáticas globais, representando cerca de 21% das emissões mundiais de gases de efeito estufa (GEE). Em 2021, as emissões de CO2 dos edifícios atingiram um recorde histórico de cerca de 10 GtCO2, um aumento de 5% em relação a 2020.
Para o PNUMA, o setor de construção civil “não está no caminho certo para alcançar a descarbonização até 2050. E a lacuna entre o desempenho climático real do setor e a via de descarbonização está aumentando.” Para Carlos Valle, algumas medidas simples podem ampliar a colaboração do Seguro para mitigar emissões de GEE em edifícios, como a realização de “parcerias com administradoras de condomínios, associações de polos industriais e centros de distribuição, no sentido de esclarecer sobre a importância de boas práticas” e da utilização de novas tecnologias que reduzem impactos climáticos e de efeito estufa, como energias renováveis, por exemplo.
Na mesma “pegada”, Jessica Bastos acrescenta que sensibilização, esclarecimento e entendimento sobre a importância das agendas ambiental, social e de governança são atitudes e posturas que podem gerar impactos positivos para o Seguro nos seus relacionamentos dentro da sociedade contemporânea. “O Setor de Seguros pode agregar ainda atividades de educação e de conscientização, para engajar o público em geral sobre questões ESG, destacar a importância da sustentabilidade e incentivar a adoção de comportamentos responsáveis, e ainda divulgar e trazer informações transparentes sobre suas práticas ESG, como políticas, desempenho e impacto”, salienta a Diretora Técnica da Susep.
Celso Ricardo Mendes, Diretor-Executivo da seguradora Sompo. Foto de Divulgação.
Celso Ricardo Mendes, Diretor-Executivo da seguradora Sompo, destaca a relevância do papel social do Setor de Seguros como agente provedor de “mecanismos para que a sociedade realize a gestão e a mitigação de perdas financeiras diante de diferentes categorias de riscos aos quais estamos expostos.” Como exemplo, Mendes cita o registro de aumentos na incidência e na severidade de sinistros em decorrência de fenômenos climáticos, como secas e calor extremo, “levando a maiores riscos de incêndios florestais, tempestades de vento e inundações”. Segundo o executivo, o setor está atento à escalada desses riscos ambientais e climáticos, desenvolvendo produtos e serviços agregados, “assim como tem incrementado processos de regulação de sinistro, para que segurados possam se restabelecer mais rapidamente e para que as comunidades sejam mais resilientes diante de uma nova realidade em nossa sociedade.”
Transição para fontes de energias renováveis – Luciana Amaral diz que a Tokio Marine está igualmente focada em promover o mercado de energia limpa, incentivando a transição para o uso de fontes renováveis por meio da oferta de coberturas para painéis solares. A estratégia da seguradora é incentivar a geração de fontes limpas, renováveis e ainda soluções específicas para as energias solar e eólica, reunindo, em uma única apólice, os seguros de riscos de engenharia, responsabilidade civil obras e riscos nomeados/operacionais (Property), para o primeiro ano de operação após a conexão do sistema à rede da concessionária de energia. Neste sentido, a Tokio Marine mantém uma parceria com a Clir Renewables, empresa especializada em gestão de riscos de operações do mercado de energia renovável, que fornece consultoria exclusiva aos segurados corporativos sobre proteção e mitigação de riscos inerentes ao negócio.
Seguro como proteção para vulneráveis e refugiados climáticos – Ao citar a determinação do Seguro em colaborar com a sociedade global na manutenção das condições de resiliência das populações – principalmente as mais suscetíveis a eventos ambientais e climáticos catastróficos –, a liderança da Sompo alinha-se não apenas a questões que serão debatidas na cúpula brasileira do G20, mas também ao alerta vermelho dado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) sobre os perigos aos quais está sujeita toda uma geração de crianças no mundo.
Segundo o relatório Children Displaced in a Changing Climate (Crianças Deslocadas em um Clima em Mudança, 2023), entre 2016 e 2021, eventos extremos - como inundações, tempestades, secas e incêndios florestais - transformaram 43,1 milhões de crianças de 44 países em refugiadas climáticas, numa média de 20 mil deslocamentos infantis forçados por dia. Para a Diretora Técnica da Susep, o Setor de Seguros pode atuar para oferecer soluções contra esses eventos ambientais e climáticos, “protegendo, assim, populações mais vulneráveis às consequências desses riscos”.
De acordo com o UNICEF, somente inundações de rios deverão expulsar quase 96 milhões de crianças de suas casas nos próximos 30 anos, em nível global. No Brasil, além dos riscos de inundações, outros fenômenos climáticos, como tempestades, podem deslocar cerca de 1,5 milhão de crianças até 2050.
Jessica Bastos reforça que monitoramento e gestão do risco climático também são áreas com as quais o Seguro pode colaborar; por exemplo, com a criação de tecnologias “para aumentar a previsibilidade de catástrofes climáticas, desenvolver medidas de adaptação e mitigação ou para reduzir as consequências dos sinistros”. Para o Diretor-Executivo da Sompo, gradativamente “a sociedade vai contar com a expertise das seguradoras para, além de indenizar eventuais perdas, atuar como especialistas para o gerenciamento dos riscos emergentes” e reduzir, assim, as suas probabilidades. “Conforme novas categorias de riscos surgem, ou mesmo quando riscos já existentes se tornam mais frequentes, o mercado segurador adota medidas para suprir a demanda da sociedade por ferramentas de proteção contra esses eventos”, observa Celso Mendes.
O Seguro no G20: reformas no sistema financeiro global – Desde 2019, a Sompo tem participação ativa nas ações e debates de colaboração do Seguro na Agenda ESG internacional. A seguradora é signatária dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI), iniciativa global em sustentabilidade financeira da ONU (UNEP-FI), e membro fundador do The Bogota Declaration on Sustainable Insurance (BDSI), compromisso do PSI voltado para o desenvolvimento socioeconômico da América Latina e do Caribe.
Na reunião do G20, a Sompo será representada por cinco diretores executivos que vão participar das “Forças-Tarefas” Comércio e Investimento, Transformação Digital e Finanças e Infraestrutura do Business 20 (B20), um dos 13 grupos de engajamento da cúpula. “O B20 tem como finalidade fomentar a cooperação entre líderes empresariais globais e governos dos países do G20, propondo recomendações políticas e soluções práticas para enfrentar desafios econômicos mundiais”, explica Mendes. O tema central do B20 em 2024 é “Crescimento Inclusivo para um Futuro Sustentável”, com a liderança da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Sobre esse aspecto, Jessica Bastos acredita que o Setor tem a chance de promover condutas sustentáveis com as suas carteiras ao alinhar as suas estratégias de investimento com princípios ESG, “direcionando capital para empresas e projetos que demonstrem um compromisso com a sustentabilidade e boas práticas de governança.”
Governança: estratégias para combater a corrupção – Um dos principais temas de discussão nas reuniões do G20 desde a sua criação, em 1999, a governança nas instituições nacionais e internacionais tem recebido influências das agendas ambiental e de sustentabilidade e de práticas ligadas à anticorrupção, finanças sustentáveis, economia de baixa emissão de carbono, diversidade, equidade, inclusão de gêneros e empoderamento de minorias.
“A Governança Corporativa é a base de todo o nosso crescimento no Brasil nos últimos anos”, assinala a Diretora de Pessoas, Planejamento e Sustentabilidade da Tokio Marine. “O portfólio e as estratégias de negócios da companhia são definidos em regras de solidez financeira”, complementa Luciana Amaral. De acordo com a executiva, a Tokio Marine mantém a sua governança baseada nas “Três Linhas de Defesa” (um modelo que organiza o gerenciamento de riscos internos e externos e a governança nas organizações), nos comitês de assessoramento ao Conselho de Administração e na aderência às regras de governança da Susep, como a criação de um comitê independente de gestão de riscos, que assegura cumprimento de compromissos e credibilidade perante colaboradores, corretores, assessorias e clientes. “Reforçamos constantemente, com os nossos colaboradores, as boas práticas em relação ao combate à corrupção por meio de palestras, workshops e programas sobre gestão de risco e ética nos negócios, além de treinamentos obrigatórios sobre esses temas”, acentua.
Segurança alimentar, sustentabilidade agrícola e avanços tecnológicos e digitais – No seguro de transporte, Celso Mendes destaca que as seguradoras estão utilizando processos e tecnologias de ponta em seus planos de gerenciamento de riscos. O objetivo é ampliar a eficiência das operações logísticas de recursos e de atividades, como definição de rotas e pontos de paradas para motoristas, monitoramento de cargas via satélite, iscas eletrônicas, imobilizadores inteligentes, carrocerias blindadas (convencionais e elétricas) e câmeras com inteligência artificial.
Carlos Valle ressalta que o desenvolvimento sustentável na agricultura é um ponto estratégico para o Seguro. “O seguro Agro chegou para disponibilizar a segurança necessária para o homem do campo”, conclama. Segundo ele, o setor tem buscado diminuir perdas na área agrícola, provocadas por impactos climáticos e ambientais - iniciativa que, para a Fenacor, resultará em mais confiança e redução de riscos para os profissionais que atuam ou têm investimentos nesse negócio.
Mas é preciso que governos, empresas, instituições da sociedade civil, comunidades e cientistas trabalhem em conjunto para reduzir os impactos negativos das catástrofes ambientais e climáticas na agricultura, que ameaçam a segurança alimentar global, principalmente de países e populações expostas e menos favorecidas.
"A agricultura é um dos setores mais expostos e vulneráveis no contexto do risco de desastres, dada a sua alta dependência de recursos naturais e das condições climáticas. Os desastres frequentes podem prejudicar os ganhos de segurança alimentar e minar a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares". O alerta é de QU Dongyu, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no prefácio do relatório The Impact of Disasters on Agriculture and Food Security 2023 (O Impacto dos Desastres na Agricultura e na Segurança Alimentar). O documento estima que as produções agrícola e pecuária mundiais sofreram prejuízos de US$ 3,8 trilhões devido a desastres nos últimos 30 anos, uma perda média equivalente a US$ 123 bilhões por ano, ou 5% do PIB agrícola global anual.
De acordo com a FAO, em três décadas, catástrofes ambientais e climáticas provocaram as maiores perdas relativas nos países de rendas baixa e média-baixa – responsáveis por 15% do PIB agrícola total – e impactos significativos nos chamados Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS), que perderam quase 7% dos seus negócios gerados pela agricultura e pela pecuária.
O valor da resiliência nos sistemas agroalimentares – Para a FAO, é fundamental que sistemas agroalimentares recebam apoio para a adoção de boas práticas de redução de riscos de catástrofes, principalmente comunidades agrícolas mais vulneráveis e expostas a impactos maiores de desastres ambientais e climáticos. Iniciativas de prevenção e investimentos reduzem riscos de prejuízos provocados por catástrofes e podem ajudar pequenos agricultores a evitar perdas e aumentar a resiliência.
Neste sentido, inovações tecnológicas podem ampliar a resistência e a adaptação da agricultura global, trazendo cada vez mais segurança para o setor. Celso Mendes conta que as AgTechs (empresas de tecnologia para inovações no campo) têm trazido soluções para a área agrícola, como monitoramento de lavouras, serviços baseados em dados para tomada de decisão e utilização de drones. Desde 2023, a Sompo mantém uma parceria com a Innovation (Agtech do grupo PwC) para fomentar a inovação aberta no desenvolvimento de soluções que agreguem valor aos seguros voltados para o setor.
“Muitos desses recursos propiciaram às seguradoras incrementarem seus produtos de seguros com serviços de valor agregado ao segurado. Os seguros paramétricos, monitoramento via satélite, utilização de drones ou envio de imagens online nas vistorias de sinistros são alguns dos recursos implementados”, cita Celso Mendes. O Diretor-Executivo da Sompo acredita que essas tecnologias serão a base para o desenvolvimento de soluções inovadoras, utilizando geotecnologias como os sistemas Global de Posicionamento (GPS) e de Informação Geográfica (SIG), assim como redes de monitoramento via satélite para analisar dados históricos e meteorológicos, viabilizando coberturas customizadas para acompanhar a produtividade e a taxa de umidade do solo - e, assim, monitorar impactos climáticos nas safras. “A Sompo implementou um sistema de monitoramento por meio de imagens de satélite para o acompanhamento e o desenvolvimento de lavouras seguradas. Com isso, é possível conferir mais eficiência e precisão aos processos de subscrição e de sinistro”, avalia.
Diversidade, inclusão e promoção do emprego – A Tokio Marine tem reforçado as suas ações no “S” da Agenda ESG, oferecendo atendimento inclusivo para pessoas com deficiência auditiva por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras), nos seus canais de relacionamento. A iniciativa é uma parceria da seguradora com a ICOM, uma das principais plataformas de tradução simultânea em Libras do Brasil. “Em outra frente, desenvolvemos o projeto Sementes do Brasil, oferecendo cursos de capacitação e mentorias para que jovens em situação de vulnerabilidade ingressem no mercado de trabalho”, destaca Luciana Amaral.
Seguro: agente intersetorial na Agenda Global ESG – Ao trabalhar em conjunto com os demais atores da sociedade global, na busca e na aplicação de soluções para os grandes desafios contemporâneos, o Setor de Seguros reforça o seu protagonismo como agente de destaque dentro da Agenda Global ESG, integrando uma ampla rede intersetorial mundial de construção compartilhada. Para a reunião do G20 no Brasil, é legítima a voz ativa do Seguro, ocupando o seu espaço de participação e de contribuição junto à sociedade civil, nas discussões e formulações de políticas relacionadas à cúpula. Um representante de peso nessa mudança que se posiciona no cenário internacional como uma força motivadora dentro das discussões das agendas de desenvolvimento e de sustentabilidade da experiência humana no planeta.
A história e a influência global do G20*
G20 é o grupo das maiores economias do mundo, que reúne nações consideradas desenvolvidas e em desenvolvimento. Atualmente é integrado por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, União Africana e União Europeia. A Espanha tem o status de “convidada permanente” do grupo.
O grupo responde por cerca de 85% do PIB global (US$ 93.783 trilhões), 75% do comércio internacional (US$ 24 trilhões) e dois terços da população mundial (6,256 bilhões).
O G20 foi criado em 1999, como um fórum de ministros das Finanças, após uma sequência de crises econômicas internacionais: a do México de 1994, a dos Tigres Asiáticos de 1997 (que atingiu especialmente Tailândia, Indonésia e Coreia do Sul) e a da Rússia de 1998.
Em novembro de 2008, no auge da crise causada pela quebra do banco Lehman Brothers, foi realizada a primeira cúpula de chefes de Estado e Governo do G20, em Washington (Estados Unidos). Nos dois anos seguintes, as cúpulas foram realizadas semestralmente: em Londres (Reino Unido) e Pittsburgh (Estados Unidos) em 2009, e em Toronto (Canadá) e Seul (Coreia do Sul) em 2010. A partir da cúpula de Cannes de 2011, o evento passou a ser realizado anualmente, em cidade designada pelo país que ocupa a presidência.
No início, o G20 se concentrou prioritariamente em questões macroeconômicas amplas; e depois expandiu sua agenda para outros temas prementes, como Desenvolvimento Sustentável, Saúde, Agricultura, Mudanças Climáticas, Transição Energética e Combate à Corrupção, entre outros.
O G20 no Brasil*
O Brasil sediará e presidirá, pela primeira vez, a cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20. O encontro será realizado na cidade do Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro. A presidência brasileira convidou sete países para fazerem parte dos trabalhos do grupo durante o seu mandato: Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Nigéria, Noruega, Portugal e Singapura. A liderança brasileira no G20 teve início em 1° de dezembro de 2023 e vai até 30 de novembro de 2024.
Entre as novidades apresentadas pela Presidência brasileira está o G20 Social, espaço de participação e de contribuição da sociedade civil nas discussões e formulações de políticas relacionadas à cúpula.
O G20 Social abarca atividades de 13 Grupos de Engajamento, além de iniciativas e de eventos realizados em coordenação entre as trilhas política, financeira e atores não governamentais, assim como manifestações das sociedades dos diferentes países da cúpula.
O ponto alto será a Cúpula Social, nos dias 15 a 17 de novembro, no Rio de Janeiro, às vésperas da Cúpula de Líderes do G20. A Cúpula Social refletirá o conjunto das propostas debatidas pelos representantes das sociedades dos países que compõem o grupo.
Cidades-sede
Para descentralizar as atividades do G20, a presidência brasileira vai distribuir as reuniões preparatórias para a cúpula em 15 cidades-sede das cinco regiões do país: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Foz do Iguaçu (PR), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE, Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), São Paulo (SP) e Teresina (PI).
*Com informações do site G20 Brasil 2024.