Por Sônia Araripe e Felipe Araripe, de Plurale
Foto de Felipe Araripe
Muitos escreveram sobre o Show de Madonna no "nosso" Rio de Janeiro, na icônica Praia de Copacabana, encerrando a turnê "The Celebration Tour" por vários países.
Grande ação de marketing e comunicação, que reuniu 1,6 milhão de pessoas na mais ordeira paz. Incrível "orquestra" de tecnologia e entretenimento, com exibição ao vivo pela TV aberta, somando outros milhões de telespectadores no Brasil e no mundo. Super coordenação de "atores" envolvidos - com governos, patrocinadores e produtores atuando de forma coletiva para que possíveis contratempos fossem contornados. Engajamento de música e mídia para que todos curtissem este que promete ter sido "o show do século".
Esse foi o maior show da artista feminina mais vendida de todos os tempos, um concerto inesquecível em um dos cenários mais bonitos do mundo. O palco teve dimensões grandiosas - o dobro do tamanho do palco usado da turnê mundial, que aconteceu em arenas e estádios. Serão 812 metros quadrados, com 24 metros de frente e pé direto de 18 metros até o teto. A cantora teve três passarelas por onde andou e dançou durante a apresentação. A passarela central tinha 22 metros de extensão e as laterais 20 metros cada. A produção do show no Brasil foi da Bonus Track, que tem como sócios Luiz Oscar e Luiz Guilherme Niemeyer, com forte experiência na realização de eventos grandiosos no país e de repercussão internacional. São os mesmos que trouxeram outros grandes pop stars ao Brasil, como Rolling Stones e Elton John.
São Pedro ajudou. Maio trouxe clima quente, mas ideal, sem chuva para a mega "pista de dança" montada na Praia, em frente ao tradicional Belmond Copacabana Palace, onde a Diva do Pop e trupe ficaram hospedadas.
Sem falar nos turistas de outros países. Polêmica sobre os R$ 20 milhões de dinheiro público da Prefeitura carioca e do Governo do Estado RJ. De acordo com dados oficiais, O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Turismo e a TurisRio, celebra a boa fase garantida pelo show com estimativa de impacto de R$ 300 milhões na economia da Cidade do Rio. Com grande ocupação da rede hoteleira.
Mas não somente tudo isso. Madonna trouxe à baila - neste show e sempre - temas relevantes, como a questão LGBTQIA+, combate ao racismo, a defesa do empoderamento feminino, o combate ao etarismo (ela está com 65 anos em ótima performance), o debate em torno de sexo e de dogmas da religião. Em tempos de narrativas fulgazes e conservadoras, Madonna traz injeção de vanguarda e protagonismo.
Transgressora, à frente do seu tempo e sempre corajosa. Madonna e seus bailarinos e time apresentaram uma verdadeira Ópera Pop. O show parecia encadeado não só pela história de sua vida, mas também por temas tão atuais.
Tivemos ainda homenagens ao Brasil e sua gente valorosa que tanto nos orgulha, como a Ministra Marina Silva; o Cacique Raoni; o jovem Renê Silva, cria do Complexo do Alemão - criador do Voz das Comunidades; a escritora Conceição Evaristo e os artistas Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Velloso. No tributo aos que morreram de AIDS, Madonna trouxe Cazuza e Renato Russo. E ainda homenageou em especial a vereadora Marielle Franco. Dançou com a Pablo Vittar - jovem que morou em assentamento no Maranhão com a mãe até conquistar espaço como artista trans - e com a também diva brasileira Anitta. Jovens de comunidades também tiveram espaço com samba/funk.
Madonna ainda nos brindou ao recuperar as cores verde-e-amarela "assaltadas" no calor de tempos "inflamados" com a conotação da alegria e sem preconceitos. E, de quebra, parece ter encarnado e abraçado - como costuma fazer a cada visita ao Rio de Janeiro - este clima que os cariocas tanto se orgulham - sem preconceito, em segurança e recebendo tão bem quem aqui se encanta e é encantado.
Valeu, Madonna! Foi lindo! Foi revigorante! Volte sempre! O Brasil e o Rio são e serão sempre seus!
A turnê em números
4 Décadas de sucessos
330 milhões de álbuns vendidos - a artista feminina mais vendida de todos os tempos
1 Drag queen extraordinária – Bob, The Drag Queen
24 artistas no palco
8ª Turnê em parceria com o diretor Jamie King
45 Baús de figurinos
17 figurinos históricos recriados
Cerca de 200 profissionais da equipe viajam com a artista – 25 atuando no departamento de figurinos
40 pares de luvas de boxe
(Foto e cobertura para Plurale por Felipe Araripe)