por Cezar Xavier - Do Portal Vermelho
Nesta quarta-feira (28), a China realizou um dos maiores fóruns de cooperação de mídia da história, em um esforço para combater a desinformação e reafirmar seu compromisso com a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês). O evento foi organizado pelo Diário do Povo, em Chengdu, capital da província de Sichuan, conhecida mundialmente pelo parque de preservação dos ursos pandas gigantes. A cidade, com 2,3 mil anos de história e 1,6 milhões de habitantes, recebeu 200 executivos de mídia, editores e repórteres de 191 organizações em 76 países, além de autoridades, especialistas, acadêmicos e representantes empresariais. Representando o Portal Vermelho, a editora Guiomar Prates integrou a comitiva brasileira presente no evento.
Até o momento, 151 países aderiram à BRI. No Brasil, o projeto tem sido pauta nas discussões diplomáticas, especialmente por ser um membro dos BRICS. A expectativa é que a adesão formal do Brasil à BRI seja anunciada durante a visita oficial do presidente Xi Jinping ao país, prevista para novembro deste ano.
A editora do Portal Vermelho compartilhou suas impressões sobre os esforços do país asiático em promover o desenvolvimento sustentável, combater as fake news e fortalecer laços com outras nações, incluindo países da América Latina. Guiomar enfatizou o papel do governo chinês em mobilizar recursos e esforços em todos os níveis para alcançar esses objetivos. “A China, quando se propõe a fazer algo, envolve todo o Estado e governo nisso. É um esforço concentrado”. Ela ressaltou que a China está intensificando seu compromisso com a sustentabilidade, conforme evidenciado pelo projeto de carbono zero, que envolve grandes transformações urbanas em diversas regiões do país.
Guiomar também mencionou a parceria entre o Portal Vermelho e o Diário do Povo, destacando as coincidências entre as visões dos dois veículos de comunicação. “Temos uma linha de visão parecida, que inclui a promoção da paz, da democracia e do desenvolvimento soberano de cada país. Esse alinhamento é fundamental em um momento em que as narrativas conservadoras e neoliberais dominam a grande mídia.”
Discurso brasileiro
Durante seu discurso no evento, Guiomar também ressaltou essas convergências. “A linha editorial do Portal Vermelho, em sua cobertura internacional, defende a paz mundial, a resolução pacífica das controvérsias, e a consolidação de uma nova ordem mundial multipolar que respeite a soberania das nações na busca por caminhos próprios de desenvolvimento e democracia, valores que consideramos consentâneos com os objetivos do Projeto um Cinturão e uma Rota”.
Guiomar ressaltou que o Fórum de Mídia representa uma oportunidade valiosa para o intercâmbio de experiências e o debate sobre os desafios enfrentados no atual cenário da comunicação global, especialmente com o avanço da Inteligência Artificial. Ela destacou que, para os países do Sul Global, o acesso a essa tecnologia ainda é limitado, o que agrava a dependência tecnológica dessas nações.
“A China tem a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento comum ao traçar a Iniciativa Um Cinturão, Uma Rota, não apenas no que diz respeito à economia, mas cooperando com os países do Sul Global para o acesso à tecnologia a fim de que se desenvolvam”, explicou durante o evento.
Desinformação sobre a BRI
A cúpula do Partido Comunista Chinês, juntamente com as administrações provincial e municipal, estiveram presentes em peso, somados a dirigentes de empresas e institutos. Durante a abertura, Wang Xiaohui, secretária da província de Sichuan, rebateu as fake news que circulam sobre a China, em especial a de que o país não conseguirá sustentar a BRI. Ela destacou que, mesmo com um crescimento de 5% em 2023, a China ainda superou em dobro o crescimento dos EUA e quatro vezes o da União Europeia.
Além dos avanços em sustentabilidade, Guiomar ressaltou em entrevista a preocupação da China com o combate às fake news, especialmente em relação à imagem do país no cenário global. “O combate às fake news também envolve o que acontece na China, informações que não são divulgadas no mundo. A China tem sido alvo de desinformação, e é importante que a verdade seja trazida à tona”, comentou. Ela tem visitado in loco grandes e impressionantes projetos-chave de infraestrutura do país que atendem aos objetivos de sustentatibilidade e desenvolvimento econômico que não se restringem ao âmbito interno, mas, que, com a BRI, avançam também pela Ásia, África e mundo árabe.
Ganha-ganha
Durante o evento em Chengdu, Guiomar observou a presença de altos representantes do governo chinês e de diversos países, destacando a importância dada ao desenvolvimento sustentável e à cooperação internacional. “Foi impressionante ver a presença de praticamente todos os ministros chineses, que falaram sobre os projetos em suas respectivas áreas, como transporte, economia verde e saúde. A China está muito preocupada em desenvolver uma nova indústria da saúde, entre outras transformações.”
A cerimônia de abertura contou com a presença de Li Shulei, membro do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) e Ministro do Departamento de Publicidade do Comitê Central do PCCh, que proferiu um discurso ressaltando a importância da iniciativa Cinturão e Rota, lançada em 2013 pelo presidente Xi Jinping.
A Iniciativa Cinturão e Rota visa estimular o crescimento global por meio de investimentos em infraestrutura, conectividade e cooperação econômica entre países ao longo das antigas rotas. Este vasto projeto abrange a construção de rodovias, ferrovias, portos e outras instalações, além de parcerias em diversos setores como agricultura, saúde, energia e intercâmbio cultural.
Os líderes chineses ressaltaram que a BRI é um projeto pessoal de Xi Jinping e simboliza a abertura da China ao mundo. Repetidamente, foi destacado que o projeto é um “ganha-ganha” para todos os países participantes, e que a adesão é voluntária. “Estamos numa década de ouro e queremos promover o bem-estar da humanidade”, afirmou Wang Xiaohui.
O Banco Mundial estima que a BRI pode aumentar o fluxo comercial nos países participantes em 4,1%, reduzir o custo do comércio global em até 2,2%, e aumentar o PIB dos países em desenvolvimento da Ásia Oriental e Pacífico em até 3,9%.