POR FELIPE ARARAIPE E SÔNIA ARARIPE, DE PLURALE
Fotos de Felipe Araripe/ Plurale
Executivos das marcas Coca-Cola, Neoenergia e Rock in Rio e os Professores John Fernandez (MIT) e Marcelo Motta, do Nima-PUC-Rio e o Secretário da Casa Civl do Rio, Lucas Padilha. Foto de Felipe Araripe/ Plurale.
Que festivais de música são grandes plataformas comerciais para organizadores, patrocinadores e marcas se promoverem junto a seus públicos não há dúvidas. Mas será que música e ESG dão boa rima? Parece que sim. Três grandes marcas – Coca-Cola, Neonergia e Rock in Rio – lançaram hoje um movimento orquestrado para tentar provar que é possível, sim. aliar compromissos socioambientais a toda a megaoperação de alto impacto dos eventos de música.
Num evento focado na Jornada ESG, estas três fortes marcas abriram a Cidade do Rock in Rio 2024 – no ano que estão sendo comemorados os 40 anos da primeira edição do evento – para reafirmar os compromissos com a sustentabilidade. Marcam também uma entrega importante para a sociedade civil: lançamento do Guia Diretrizes ESG para Festivais de Música, coordenado pelo Nima / PUC-Rio - Núcleo Integrado de Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
O guia tem foco em demonstrar como realizar um festival de música de forma mais sustentável. Estão lá, por exemplo, sugestões relativas à gestão de resíduos, a como implementar a agenda ESG diretamente na cadeia do evento; apresenta ainda diretrizes para fornecedores. O documento, que contempla iniciativas de curto, médio e longo prazo, está disponível para download gratuito no site: www.sustainable-festivals.com. As diretrizes apresentadas também estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS).
Em conversa com Plurale, Roberta Medina, vice-presidente executiva da Rock World, explicou que o “caminho das pedras” está agora escrito e em arquitetura aberta. “Qualquer um pode seguir este caminho. Também tivemos que desbravar e aprender ao longo destes 40 anos. Desta forma, com o apoio da academia, as soluções e sugestões estarão franqueadas a todos. Juntos e comprometidos, poderemos incentivar desenvolvedores de tecnologia, startups e investidores a trazer soluções que tornem nossos eventos e shows verdadeiramente sustentáveis, sem penalização financeira para os negócios.” Roberta lembra que em Portugal – onde o Festival é realizado há 20 anos - existem vários pontos que são exigências por lei dentro de regras da Comunidade Europeia e sugere que este também possa ser o próximo passo para o Brasil. “A obrigatoriedade de soluções mais sustentáveis poderia ajudar a acelerar este processo” - afirma.
Katielle Haffner (Coca-Cola) e Roberta Medina (Rock World). Foto de Felipe Araripe/ Plurale.
Para Katielle Haffner, diretora de Sustentabilidade e Relações Corporativas da Coca-Cola Brasil e Cone Sul, o lançamento do guia representa mais um passo na jornada para reunir aliados em prol de um futuro mais sustentável: “Lançar este guia reforça o nosso compromisso corporativo com a agenda ESG e vai além. É um chamado à ação para criarmos um legado sustentável para as próximas gerações. Cultura e entretenimento fazem parte do DNA da Coca-Cola e ficamos honrados em unir nosso propósito à colaboração da iniciativa privada, do poder público, do terceiro setor e da sociedade. Juntos, entregamos hoje um documento sólido que vai nos guiar nesse caminho para a realização de festivais cada vez mais sustentáveis e com maior impacto positivo".
Estande com 100% de energia limpa
O evento de lançamento do guia foi realizado no Coke Studio, a plataforma global de música da Coca-Cola, que está instalada na Cidade do Rock. Cocriadora da publicação, a marca investe há anos em uma jornada de sustentabilidade com foco em gerar impactos positivos para a comunidade e ampliar a consciência ambiental dos consumidores. Grandes painéis de LED em formato de elipse e pista de dança que carrega energia cinética davam o tom do esforço em mesclar música e contemporaneidade com sustentabilidade. Quando as pessoas pulam ao som da música (hoje foi dia de funk e passinho) em cima do chão – que parece tremer – a energia é captada e ajuda a impulsionar o estande. A iniciativa parte do mesmo princípio que bicicletas em eventos costumam também gerar energia. É inovação e sustentabilidade em ritmo de música.
Pista Cinética. Foto de Gabriel Suares/ Divulgação.
O Coke Studio é 100% suportado por soluções em energia limpa, por meio da uma combinação de tecnologias energéticas de última geração, denominada Green Power One. Ela engloba um sistema inovador de distribuição de energia limpa, que combina o fornecimento de eletricidade com Certificação I-REC (International Renewable Energy Certificate), um gerador movido a 100% a biodiesel e o armazenamento de energia em uma inovadora bateria de lítio 250 kV, solução poucas vezes utilizada no Brasil. É mais um investimento exclusivo do Coke Studio no festival, para assegurar uma jornada energética sustentável. Além disso, o Coke Studio conta com uma pista de dança cinética que transforma o movimento e o tempo de dança dos participantes em energia. A Ecopista, que é executada com o apoio da Neoenergia, reflete a jornada e o compromisso da Coca-Cola Brasil em promover práticas cada vez mais sustentáveis em grandes eventos e ampliar a consciência ambiental do público.
Líder no apoio a festivais musicais no Brasil, entre as empresas do setor elétrico, a Neoenergia uniu esforços com a Coca-Cola para levar soluções em energia limpa ao Coke Studio e conscientizar o público sobre a importância da descarbonização.
“Não há outro caminho: a descarbonização é imprescindível para a sustentabilidade do nosso planeta. Temos de alcançar emissões zero até 2050 para limitar o aumento da temperatura em até 2 graus centígrados acima dos níveis pré-industriais. Como uma empresa verde, nós da Neoenergia temos a música como um de nossos vetores de comunicação com a sociedade, sobretudo por seu enorme poder transformador, especialmente, junto ao público jovem. Música é energia, e energia é ação! É nesse ambiente que a Coca-Cola, a Rock World e a Neoenergia se unem, como empresas líderes em seus segmentos de atuação, em um processo de conscientização e de engajamento da sociedade em prol da sustentabilidade”, disse Hugo Nunes, diretor de Negócios Liberalizados da Neoenergia (Foto de Felipe Araripe/ Plurale).
Palestra com Professor John E. Fernandez, do MIT
que participou do esforço pela turnê sustentável do Coldplay
Completando o evento – que teve até, como pano de fundo a passagem de som de Will Smith e conjunto – o keynote speaker foi o Professor John E. Fernandez (foto), do renomado MIT (Massachusetts Institute of Technology), que participou do esforço pela turnê sustentável do Coldplay e também assessorou outros festivais de música.
O Professor Fernandez falou sobre o momento crítico de transição do planeta e afirmou ter certeza de que festivais e shows de música e sustentabilidade podem – e devem – caminhar juntos. “Acredito que os artistas podem ser um dos grandes meios do mundo acadêmico se comunicar com a sociedade sobre as mudanças climáticas.” Fernandez realiza um estudo sobre a redução das emissões de carbono e mostrou o mapa com explorações de petróleo na Amazônia. “Não sou eu que devo dizer isso. Nem pesquisador brasileiro eu sou. Mas acho que não faz muito sentido tantas explorações na região Amazônica, em comparação com custo de extração do barril de petróleo na Arábia Saudita, por exemplo.” Amigo do renomado Professor Carlos Nobre, de São Paulo, o professor do MIT elogiou o altíssimo nível das pesquisas desenvolvidas pelos colegas acadêmicos brasileiros.
Copos reutilizáveis
e postes verdes
Além disso tudo, a economia circular também entra em cena no festival. Em parceria com a Heineken, a Red Bull e a Braskem, está sendo realizada pela primeira vez no Rock in Rio 2024 uma operação de copos reutilizáveis, para incentivar o consumo consciente e o descarte correto dos resíduos. Os fãs também são beneficiados pela parceria, já que recebem um desconto na segunda compra de uma mesma bebida. Com esta medida, o festival prevê evitar a geração de mais de 14 toneladas de resíduos durante seus sete dias de evento. Esta proposta fará da iniciativa uma das maiores operações de copos reutilizávéis do mundo. Para amplificar também a gestão da coleta seletiva, há pontos de troca onde os participantes podem converter resíduos em brindes, com uma dinâmica de gamificação. Ao final do festival, os resíduos serão coletados por cooperativas de catadores da Ancat (Associação Nacional dos Catadores) e a Coca-Cola fará a compra do material.
Parceiras de longa data, Coca-Cola Brasil e ANCAT criaram em 2017, com o apoio de outras empresas do setor, o Reciclar pelo Brasil, que hoje é o maior programa privado de reciclagem do país. Trata-se de uma plataforma que atua com assessoramento técnico e investimentos diretos nas cooperativas selecionadas visando à qualificação da atividade de reciclagem e ao desenvolvimento econômico desses empreendimentos. Com a ANCAT, a Coca-Cola Brasil já apoiou mais de 460 cooperativas e associações de catadores em 135 cidades de todos os estados do país.
O festival também conta com 43 postes de iluminação abastecidos por energia solar, instalados pela Neoenergia. Ao avistar um poste com a placa verde da Neoenergia, saiba que ali está sendo gerada parte da energia usada no Rock in Rio, garantido que a mesma seja limpa e renovável.