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Guterres - "G20 pode liderar pelo exemplo de consenso".

Secretário-geral da ONU dá entrevista coletiva no Rio de Janeiro. Admite que está preocupado com os rumos da COP 29, pela metas ambiciosas, mas alerta - "Falhar não é opção." Pediu ainda paz para a Palestina, a Ucrânia e o Sudão.

POR SÔNIA ARARIPE, FELIPE ARARIPE E MAURETTE BRANDT, DE PLURALE

DO RIO DE JANEIRO

FOTOS DE FELIPE ARARIPE/ PLURALE

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas - ONU - António Guterres falou hoje, no Rio de Janeiro, que o "G20 pode liderar pelo exemplode consenso". Em entrevista coletiva para jornalistas credenciados para a cobertura do evento da Cúpula das 20 nações mais importantes do planeta - o chamdo G20 - Guterres falou da expectativa que os líderes globais cheguem a um consenso. Defendeu também a paz em países em conflito, como a Palestina, Ucrânia e Sudão e ainda falou sobre a expectativa para a fase final das negociações na COP-29, em Baku, capital do Azerbaijão, onde estão líderes e representantes de negociações climáticas.

Uma jornalista perguntou sobre a possibilidade de divisão do grupo e não de consenso. Guterrez respondeu:

"A Agenda 2030 teve consenso de todos os países do mundo e é o caminho claro para enfrentar as tremendas desigualdades e injustiça que existem no mundo. E, por isso, eu faço esse apelo a todos os países, agora que estão em curso as negociações do G20, para que tenham espírito de consenso, para que exibam bom senso e que encontrem as possibilidades de transformar essa reunião do G20 num êxito, com decisões que sejam relevantes para a ordem internacional. Se o G20 se divide, ele perde importância a nível global. E, do meu ponto de vista, é algo indesejável para um mundo que já tem tantas divisões geopolíticas", disse o secretário-geral.

Guterres deu a entrevista na véspera do começo da realização do G20, que será realizado nesta segunda e terça-feiras no Rio de Janeiro, reunindo alguns dos principais líderes, como Joe Biden (dos EUA), Xi Jiping (da China), chefes do Estado Europeus e o presidente Lula. O evento acontece no mesmo Museu de Arte Moderna que foi palco de eventos que entraram para história, como o Rio-92 e o Rio+20, estarão dirigentes de países para discutir alguns dos principais temas, divididos em três eixos: a questão do clima (e transição energética); uma nova governança global e o combate à fome e à pobreza. A imprensa ocupa a casa de shows na frente do MAM, onde foi montada uma grande infraestrutura para receber cerca de 3 mil jornalistas de todo o mundo.

Lendo o seu posicionamento, Guterres começou falando de guerras em curso na Palestina, Ucrânia e Sudão. "Precisamos do fim das guerras e da paz." Na fase de perguntas, jornalistas perguntaram sobre a necessidade de reforma do atual modelo do Conselho de Segurança. O secretário-geral da ONU respondeu:

“O Conselho de Segurança não corresponde ao mundo de hoje e tem revelado uma grande ineficácia por causa das divisões geopolíticas. Tem um problema de legitimidade, porque não representa a realidade dos nossos tempos. Por isso, nas discussões da Cimeira do Futuro, um dos aspectos centrais foi a necessidade da reforma do Conselho de Segurança. Um dos aspectos dessa reforma tem a ver com a adesão ao Conselho de Segurança de novos países, nomeadamente do Sul Global, permanentes ou não permanentes, e ao mesmo tempo com a revisão dos métodos de trabalho de segurança para que ele possa ser mais eficaz.”

Recém-chegado de Baku (Azerbaijão), onde está sendo concluída a COP-29, Guterres admitiu sua preocupação com o rumo destas já na fase final. "As metas são muito ambiciosas, mas falhar não é opção. Há muitos desafios, mas também há muitas soluções possíveis. Isso é crucial para restaurar a confiança e a legitimidade do sistema global”.

Outro repórter também questionou sobre o cenário com a vitória de Donald Trump - reconhecido por especialistas pela desconfiança da crise climática e da agenda da transição sustentável - para o G20 e também do posicionamento da Argentina que não apoiou estas mudanças. O secretário-geral da ONU lembrou que já existem muitas mudanças em curso e que este é o principal caminho para o consenso.

"O principal é reconhecer a importância do multilateralismo e das instituições. Se os países fizerem isso no nível das Nações Unidas, no nível das leis internacionais, e adotarem um diálogo mínimo, e se eles forem hábeis em todas essas áreas para fazer uma batalha forte em favor do multilateralismo, essa é melhor possibilidade de resposta", disse o secretário.

COP da Amazônia, Inteligência Artificial e Greenwashing

Com a preparação do Brasil para sediar a COP30, o secretário-geral revelou que atua com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um esforço de mobilização global para garantir os mais altos níveis de ambição dos países, especialmente do G20. Os detalhes serão fornecidos aos líderes do bloco na terça-feira.

Quanto às novas tecnologias, Guterres disse que todos os países devem se beneficiar de recursos como a Inteligência Artificial.

Ele lembrou que o novo Pacto Digital Global aprovado na Cúpula do Futuro da ONU, englobando um acordo universal sobre governança de IA, um Painel Científico internacional independente sobre o tema e o novo diálogo global, além de defender fundos voluntários para capacitação em países em desenvolvimento.

Para o secretário-geral, a liderança do G20 pelo exemplo será essencial para “restaurar a confiança, a credibilidade e a legitimidade de cada governo e do sistema global em meio a tempos turbulentos”.

António Guterres defendeu ainda que é preciso “aproveitar todas as oportunidades para liderar ações transformadoras” para um mundo mais seguro, pacífico e sustentável.

(Com ONU News PT)







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