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Nexans Brasil foca na economia circular do cobre para o futuro da eletrificação

Empresa utiliza parte de cobre reciclado e bobinas de madeira também recicladas. Fábrica no Brasil é hoje um `case` dentro do grupo multinacional francês que tem a meta de ser Net-Zero em 2050.

POR SÔNIA ARARIPE E FELIPE ARARIPE, DE PLURALE

FOTOS DE FELIPE ARARIPE/ PLURALE

Se o caminho do futuro é a descarbonização, será preciso intensificar a eletrificação. E, nesta jornada, o cobre surge como um minério mais do que essencial. Mas, como todos os recursos naturais, o cobre é finito. Uma das principais produtoras de cabos e soluções elétricas, a Nexans tem procurado demonstrar que é possível ter a mesma qualidade destes produtos feitos de cobre primário ou de cobre reciclado. Mais do que isso, a empresa deseja impactar menos o meio ambiente, ajudar os seus clientes a também reduzir sua pegada de carbono - e tem a meta de ser emissões Net-Zero até 2050. A unidade brasileira, Nexans Brasil, já é um case dentro da multinacional francesa - com fábricas espalhadas pelo mundo -, por utilizar não apenas o cobre reciclado em parte da produção, mas por procurar, também, as grandes bobinas de madeira.

Plurale esteve no parque industrial da fabricante, localizado na Pavuna, área industrial do Rio de Janeiro, acompanhando outros jornalistas especializados em energia e também em sustentabilidade.

Fomos recebidos pelo CEO da Nexans Brasil, o jovem francês Gwenael Gilbert (foto abaixo) e pelos executivos da direção da empresa, que, tem 120 anos e opera no Brasil desde 2008. "A Nexans Brasil atingiu este ano a margem de 30 a 40% de cobre reciclado. Para isso, ao longo dos últimos três anos, dedicou 25% dos investimentos para a produção de cabos elétricos com conteúdo reciclado", afirmou.

Segundo o CEO, a empresa está conseguindo criar mais valor, emitindo menos CO2.

Questionado sobre a origem do cobre reciclado - que, em noticiário diário, é parte do contexto de roubos de cabos e material para desmanche ilegal e revenda - o executivo assegurou. "Compramos de fabricantes certificados e reconhecidos por sua qualidade de produção, além disso, possuímos um programa de auditoria, que garante a rastreabilidade e a idoneidade dos fornecedores que trabalham as nossas matérias-primas. São fios de cobre oriundos de linhas desativadas ou outras operações industriais. Este é um mercado muito ativo a nível internacional", disse Gilbert.

Metodologia - Contou que propósito o move, assim como os outros executivos da empresa. Hoje, 26% dos cargos de alta gerência são ocupados por mulheres. E compartilhou o livro do dirigente da multinacional - Christopher Gérin (Finding our way again)-, com uma metodologia própria de ESG, chamada E3 - E de ambiental em inglês (Environment), E de Economia em inglês e E de engajamento. "Praticar a sustentabilidade, de olho em maior lucratividade e bônus é fácil. Quando cheguei aqui, seguimos o modelo global, que prioriza o valor sobre o volume. Dessa forma, buscamos aumentar a lucratividade através da geração de valor para os nossos clientes e não do volume de vendas."

A energia da empresa é 100% de origem renovável (através de compensação), além de ser comprovada pela certificação IREC, e a preocupação com a sustentabilidade parece estar em todos os detalhes. As grandes bobinas de madeira, utilizadas para transporte e armazenamento dos cabos também passaram a ser parte do esforço por economia circular. São levadas para os fabricantes, que as desmontam e depois remontam seguindo padrões de qualidade e segurança. "Imagine em grandes obras, como no Metrô de São Paulo, no qual são utilizadas centenas destas bobinas", destacou Gilbert.

A vantagem não é só na economia de materiais e na redução de impacto para a fabricante. Também os compradores, ao levarem os chamados cabos de baixo carbono podem se beneficiar desta redução do impacto. Como a Nexans tem um sistema próprio capaz de aferir quanto emitiu de CO2 em cada cabo, os clientes também podem ser beneficados no chamado Escopo 3.

O diretor de marketing, Alain Girard, Diretor de Marketing e Inovação da Nexans Brasil (foto acima), mostrou os cabos para várias utilizações, como energia solar, eólica, e uso industrial. Um outro diferencial em relação aos concorrentes é o controle de todos os detalhes do produto - do começo ao fim, detalhou Alain. O chamado "eco passport" tem tudo mapeado e controlado.

Social - Localizada em uma região industrial do Rio de Janeiro, a fábrica também apoia ações sociais através da Fundação Nexans, mantida pela matriz francesa. Este ano foi apoiada a eletrificação - através da ONG Litros de Luz - para iluminar área quilombola de Magé, município carente do Estado, não muito longe das suas instalações. A comunidade participou voluntariamente da instalação dos 30 postes com energia solar e interligados à rede de energia.







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Giane P M Gatti |
A descarbonização das empresas é o único caminho. Precisamos reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e trabalhar a circularidade dos produtos e das matérias-primas.

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