Destaques

04/12/2024 | 18:00

Texto e fotos por Felipe Araripe, de Plurale

De Brasília

Painelistas do evento da esq para dir: Milena Fernandes, supervisora pedagógica de escola no projeto; Leidyane Regina Alves, mãe de jovem beneficiada; Izolda Cela, psicóloga, pedagoga, ex-governadora do Ceará e ex secretária-executiva do MEC; Neylar Vilar, fundadora do Instituto Aliança; Viviane Mansi, diretora de relações corporativas da Diageo Brasil; Basília Rodrigues, mediadora do evento e jornalista.

O papo é reto e exige uma abordagem também bem séria e verdadeira. A Diageo – maior fabricante de destilados do mundo, como gim, vodca e whisky – patrocina o projeto “Na Real”, ação do Instituto Aliança com foco na conscientização de jovens sobre o não-consumo de álcool antes dos 18 anos de idade. O seminário desta terça-feira (3 de dezembro) – realizado na Embaixada Britânica em Brasília – destacou que o programa superou a marca de 1 milhão de jovens impactados, desde que foi implementado no Brasil, em 2019.

O “Na Real” é um programa originalmente britânico, chamado de “Smashed”, criado pela empresa britânica Collingwood Learning. No Brasil, ele foi implementado de maneira gratuita com três modalidades: uma peça teatral de cerca de uma hora de apresentação, apresentada por um grupo teatral, seguida de um debate com os jovens; um curta metragem on-line, mediado por um membro do Instituto Aliança; nos estados de Pernambuco e do Ceará, o “Na Real” aplica o seu conteúdo de conscientização dentro do currículo escolar.

Embaixadora do Reino Unido no Brasil, Stephanie Al-Qaq.

A embaixadora do Reino Unido no Brasil, Stephanie Al-Qaq, foi a keynote speaker do evento; além de citar a conquista da Diageo, que é uma empresa britânica, a embaixadora comentou sobre o futuro das relações diplomáticas entre o Reino Unido e o Brasil, que irão celebrar 200 anos no próximo ano e a dedicação da embaixada no ramo da educação: “ Esse programa é um exemplo claro de como a educação e o apoio ao desenvolvimento podem transformar vidas e comunidades inteiras, resultado de parcerias intersetoriais, unindo o poder público e o setor privado. As empresas desempenham um papel central nesse cenário, elas não são apenas motores econômicos, mas também agentes transformadores do desenvolvimento social e sustentável. Educação é uma área prioritária para o governo britânico no Brasil; esperamos continuar o trabalho com todos os setores, para construir cada vez mais conexões entre nossos países no setor educacional”.

Viviane Mansi, diretora de Relações Corporativas da Diageo Brasil.

Viviane Mansi, diretora de Relações Corporativas da Diageo Brasil, destacou a seriedade na abordagem do consumo responsável. “Uma empresa que se propõe a ser uma empresa de celebração, precisa pensar a celebração de uma forma mais ampla. Então, se quer estar na vida das pessoas em bons momentos, precisamos falar de moderação. Quando olhamos todas as pessoas que podem alcançar a bebida, o nosso primeiro passo é delimitar os que não podem beber.”

Gabriel Prudlik, head de ESG na Diageo Brasil citou plano de ESG da empresa, intitulado “Espírito do Progresso”, com três pilares, promove o consumo responsável de álcool, fomenta a diversidade e inclusão e garante a sustentabilidade da cadeia de produção: “A Diageo tem como ambição ser a empresa de bens de consumo com a melhor reputação do mundo, se e a gente tem uma missão tão alta, é impossível a gente fazer isso sem ter uma agenda de ESG que não seja forte, por isso que o ‘Espírito do Progresso’ é tão robusto e faz parte diretamente da nossa estratégia de negócio.”

Painelistas do evento.

"Na Real" é realizado majoritariamente no ensino público com apoio de governos dos locais de operação, contando com 88 organizações educacionais parceiras e oito Acordos de Cooperação firmados com Secretarias de Educação de Estados do Nordeste, Sudeste e Distrito Federal. Izolda Cela, psicóloga, pedagoga e ex-governadora do Ceará, ex-secretária-executiva do Ministério da Educação e painelista no evento, respondeu para Plurale que acredita que o Ministério pode entrar dentro da pauta sobre o não consumo de álcool pelos jovens: “O Ministério da Educação não faz ingerência das redes, mas sempre foi minha defesa que o Ministério tenha um portifólio de bons produtos para disponibilizar para as redes. Acho plenamente possível e desejável que o Ministério avance nisso, pois tem um alcance nacional”.

O programa está em mais de 38 países e tem uma meta de atingir 10 milhões de estudantes. Neylar Vilar, fundadora do Instituto Aliança, abordou o papel de destaque que o Brasil tem na metodologia do “Na Real”: “Nós hoje representamos o país com o maior alcance por país do mundo em nossa escala. A criação dos planos de aulas para introduzir uma disciplina dentro do currículo escolar que faz com que os professores possam assimilar o tema e tratar durante seis meses com os alunos foi uma inovação brasileira, esperamos que isso possa se expandir para outros países.” Segundo Viviane, a meta de atingir 10 milhões de estudantes até 2030 é tangível, com o “Na Real” se adaptando: “Acreditamos que vamos alcançar esta meta. Mas, antes de ser alcançada, estamos estruturando a possibilidade de ir além, de que for é possível, melhorar o programa e de que forma pode ser ainda mais eficiente do que é hoje.”

(*) Plurale viajou em grupo de jornalistas a convite dos organizadores do evento.