Texto e Fotos de FELIPE ARARIPE, de Plurale
De Barão de Melgaço (MT)
Partiicpantes do Encontro
O papel difícil de fazer uma pauta sobre o meio ambiente é uma experiência única ou coletiva? Essa questão e outros temas relevantes foram debatidos no primeiro “Aracuã Encontro Sesc Pantanal de Jornalismo Socioambiental”, realizado nos dias 7 e 8 de dezembro, no Hotel Sesc Porto Cercado, em Poconé (MT), às margens do Rio Cuiabá, no coração do Pantanal.
O nome do evento faz referência à ave aracuã, conhecida pelo canto marcante que anuncia o amanhecer e o entardecer no bioma, simbolizando o jornalismo como um alerta constante e vigoroso. O encontro reuniu jornalistas de diferentes estados brasileiros, como Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará, para discutir os desafios e oportunidades na cobertura de pautas socioambientais.
Realizado em um momento de crescente atenção ao Pantanal, impulsionada por produções audiovisuais e por uma transição do turismo de pesca para o ecoturismo, o evento reforçou o papel do jornalismo na construção de narrativas sustentáveis. Cristina Cuiabália, gerente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, destacou a importância da iniciativa: “É uma grande oportunidade de ampliarmos o entendimento acerca das pautas socioambientais e o contexto atual de desafios para toda a sociedade com relação ao nosso futuro no planeta, sendo os meios de comunicação parte fundamental. Portanto, quanto mais acesso às fontes seguras e quanto mais preparado o profissional de comunicação, mais qualidade teremos no tratamento e visibilidade da informação”.
Cristina Cuiabália e Felipe Araripe
No primeiro dia, os participantes assistiram a palestras de especialistas como Cristina Cuiabália, o professor Ibraim Fantin (UFMT) e Eduardo Reis Ramos (MAPbiomas), além de jornalistas regionais, incluindo Eunice Ramos e Ianara Garcia, da TV Centro América. Giuliana Morrone, renomada jornalista, que acaba de lançar livro sobre ESG, encerrou o dia com uma palestra sobre “o poder da informação em tempos de mudanças climáticas”. Giuliana abordou as dificuldades de inserir pautas ambientais como prioridade na grande mídia e sugeriu a criação de narrativas atrativas para superar essa barreira: “Vale para todas as praças, se não for o factual do jornalismo político, todas as outras editorias de todos os outros estados sofrem a mesma coisa, fundamental dar esse brilho que a matéria precisa, para que ela consiga espaço”.
Giuliana Morrone
Jornalistas de Mato Grosso. Ianara Garcia e Eunice Ramos entre eles.
No segundo dia, os jornalistas visitaram a RPPN Sesc Pantanal, a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, com quase 30 anos de trabalho cuidando da natureza e do ser humano, com 108 mil hectares. Localizada em Barão de Melgaço (MT), a reserva representa 2% do Pantanal mato-grossense e 1% de todo o bioma. Durante a ida de barco até a reserva, os participantes vivenciaram de perto a rica biodiversidade local, avistando garças, jacarés, capivaras, tuiuiús, bugios, borboletas, carcarás, entre outros diversos animais. Apesar da ausência da emblemática onça-pintada, não desanimados, os jornalistas saíram com a profunda experiência de uma conexão com o bioma, ressaltado pela sua resistência frente às adversidades, como queimadas e secas, além das trocas com novos colegas. Ao final do evento foi anunciado o lançamento do Prêmio de Jornalismo Socioambiental do Sesc Pantanal para 2025.
ENSAIO
(*) Plurale viajou a convite da organização do evento em press trip.