POR NELSON TUCCI, COLUNISTA DE PLURALE
Passei uma temporada postando aberturas de coluna de um Portal, lá e cá, por cortesia e parceria de Plurale. Tratava de Sustentabilidade, tema que me agrada muito e que entendo poder me engajar facilmente para ajudar no bem maior. Comemoro o retorno a este espaço, com textos autônomos e libertos.
Apesar do meu entusiasmo, de continuar colaborando com o melhor e mais charmoso portal sobre cidadania a e meio ambiente do país, sei que preciso ir devagar. Como não vou fazer omelete hoje, não quebrarei os ovos.
Tenho visto alguns espíritos-de-porco macetando o ESG. Em determinadas – e bem demarcadas – situações eles têm até razão, pois catam no que sempre é mais sensível: a governança meia-boca de organizações que pouco zelam pela coluna que sustenta o corpo e se preocupam mais com o tamanho dos bíceps ou cousa que o valha. Em síntese, se a coluna é fraca o corpo enverga.
Está claro que se a Governança não estiver adequadamente estruturada, é certo que as outras partes (E e o S) não se sustentarão. Fazer algo meia-bomba, só pra tentar ficar bem na foto, não adianta. Uma hora a casa cai. A este indesejável expediente chamamos greenwashing que, traduzido em bom português, é algo “para inglês ver”. Ora, ora, então é isso? É. No mundo que pede a cada dia mais transparência, tem gente privilegiando, ou fazendo vistas grossas – o que, sinceramente, dá no mesmo --, com o tal greenwashing que desmoraliza não só quem o adota e propugna, como quem o aceita, contaminando organizações, setores e até o próprio modelo.
Descer a borracha no modelo ESG com uma dialética agressiva, não me parece o mais sensato e honesto. O ESG é o “sofá na sala”, relembrando a velha piada. E, como na piada, tirar o sofá da sala não mudará a essência da coisa. O sorumbático inimigo é outro, perceba.
Enquanto isto, me atualizo na internet com as notícias mais quentes. E qual não é minha surpresa, quando me deparo com um primor que só encontra paralelo na publicação das receitas de bolo do jornal Estadão quando esteve sob censura... No portal que se autoproclama o maior da América Latina, leio o seguinte: “Quer quebrar ovos com perfeição? A física te ajuda a achar o ponto certo… - Veja mais em...” https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2024/12/20/quer-quebrar -ovos-com-perfeicao-a-fisica-te-ajuda-a-achar-o-ponto-certo.htm?cmpid=copiaecola
Lembro de mainha que, com sua colher de trabalho, na cozinha, quando queria dava um
“plaft” certeiro. E olha que ela nunca estudou física, mas sabia o que fazia. O pai,
ao contrário, preocupava-se em acomodar-se no sofá, após o puxado expediente
de trabalho. E zelou tanto pelo objeto que nunca cogitou retirá-lo da sala, até
porque não houve um porquê para cogitar em desalojar o mesmo. Não havia desconfiança
de nada. Nem da cortina, nem do greenwashing que ainda não existia.
