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Embaixador André Corrêa do Lago é o presidente da COP30

Anúncio foi feito pelo presidente Lula, que também confirmou Ana Toni para Diretora-executiva da Conferência, a ser realizada em Belém

POR SÔNIA ARARIPE E FELIPE ARARIPE, DE PLURALE

Foto de Ricardo Stuckert Filho - PR

O presidente Lula anunciou hoje - após reunião ministerial - que o Embaixador André Corrêa do Lago é o novo presidente da COP 30, a Conferência entre as partes da ONU, que, pela primeira vez será realizada no Brasil, em Belém do Pará, em novembro deste ano. Também foi confirmado o nome de Ana Toni, Secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, para o cargo de Diretora-Executiva do evento.

Corrêa do Lago, 65 anos, é secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores e um dos diplomatas brasileiros mais experientes em negociações climáticas.O embaixador foi o principal negociador do Brasil nas últimas duas cúpulas do clima, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (em 2023) e em Baku, no Azerbaijão.

Ele também esteve à frente de negociações relevantes do G20 (grupo que reúne as principais economias do mundo), no Rio de Janeiro, e destacou-se pela sua habilidade como negociador e também como um dos mais qualificados diplomatas ainda em exercício da função. A indicação de Ana Toni também foi muito bem recebida.

“É uma honra imensa e acredito que o Brasil pode ter um papel incrível nessa COP. Agradeço também o resto do governo, porque a COP a gente vai ter que construir todos juntos. Além do governo, com a sociedade civil, o empresariado, todos os atores que são essenciais na primeira formação do que o Brasil quer desta COP. Vamos juntos conseguir fazer uma COP que será lembrada com entusiasmo”, afirmou André Corrêa do Lago. O presidente da COP30 terá ao lado nos trabalhos a atual secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, nomeada diretora executiva da COP30.

O presidente da COP intermedia negociações entre os Estados partes na Convenção, com o objetivo de promover consensos e alcançar compromissos ambiciosos. Embora indicado pelo país-sede, deve atuar de forma imparcial e conduzir a Conferência segundo regras preestabelecidas. O seu trabalho de escuta e articulação se inicia vários meses antes da COP, destacou o Itamaraty em nota.

Embora a presidência formal da COP permaneça sob a responsabilidade do Azerbaijão até a abertura oficial da 30ª Conferência, caberá desde já ao Brasil, como presidência designada, liderar os esforços para o êxito das negociações, promovendo o diálogo entre países e demais partes interessadas.

Habilidosos negociadores - De temperamento muito cordial, Corrêa do Lago ajudou a "costurar" o acordo dos países do bloco do G20 e foi decisivo também nos preparativos impecáveis em diversos eventos preparatórios. Economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele atua como diplomata desde 1983 e tem mais de 25 anos de experiência na área de desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas. Corrêa do Lago publicou livros e artigos sobre desenvolvimento sustentável e mudança do clima e é também crítico de arquitetura. É casado e tem quatro filhos.

Corrêa do Lago é o negociador do Brasil na COP desde 2023 e já havia feito o mesmo papel entre 2011 e 2013, além de trabalhar com desenvolvimento sustentável desde 2001. O diplomata era tido como nome forte para o cargo, assim como Ana Toni, atual Secretária de Mudanças Climáticas do MMA. Especialistas comemoraram a indicação dos dois.

Foto de Felipe Araripe/ Plurale.

Economista e doutora em Ciência Política, Ana Toni (foto acima) possui longa trajetória direcionada ao fomento de projetos e políticas públicas voltados à justiça social, meio ambiente e mudança do clima. Ana foi diretora Executiva do Instituto Clima e Sociedade - iCS (2015-2022), Presidente de Conselho do Greenpeace Internacional (2010 a 2017), diretora da Fundação Ford no Brasil (2003-2011) e da ActionAid Brasil (1998-2002). Foi conselheira do Grupo Gold Standard, Fundo Baobá para Equidade Racial, Light e Vibra Energia, IPAM, entre outros. É integrante da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade. Também considerada habilidosa negociadora, Ana Toni é hoje uma das mais qualificadas lideranças técnicas em mudanças climáticas.

Algumas repercussões.- "O repertório em negociações climáticas do embaixador André Corrêa do Lago, e sua capacidade de articular interesses diversos são habilidades essenciais para não só facilitar as negociações durante a Conferência das Partes da ONU no Brasil, como para posicionar o nosso país como protagonista na agenda global. Ao longo dos anos, a atuação do presidente da COP 30 tem sido fundamental para engajar empresas de diversos setores, ampliando a participação do setor privado nas discussões sobre mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável", afirmou Marina Grossi, presidente do CEBDS.

Em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial 2025 (WEF, na sigla em inglês), o governador do Pará, Helder Barbalho afirmou, nesta terça-feira (21/01), que a COP30 representa a chance de o Brasil liderar a agenda climática do planeta. “Pela primeira vez teremos o maior momento de discussão ambiental acontecendo na Floresta Amazônica, maior floresta tropical do mundo. Certamente é uma oportunidade incrível que as Nações Unidas permitem ao planeta, ao mesmo tempo que permite ao Brasil liderar esse momento e essa agenda”, afirmou Barbalho, que preside o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal (CAL).

Em nota, o WWF-Brasil também elogiou as escolhas. "Para enfrentar a emergência climática com a celeridade e a ambição necessárias. o presidente da COP30 precisará garantir que a conferência seja um espaço de diálogo e de construção coletiva, superando divergências entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e valorizando as vozes de povos indígenas, populações periféricas, comunidades quilombolas e tradicionais nos processos de tomada de decisão. O WWF-Brasil espera que a COP30 garanta ações de mitigação que respondam à urgência da crise climática. Para isso, os países signatários do Acordo de Paris devem apresentar NDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas) ambiciosas e em linha com a promoção de uma transição energética justa, focada em fontes renováveis e no abandono do uso de combustíveis fósseis."

A coordenação do Observatório do Clima recebeu com satisfação a nomeação do embaixador André Corrêa do Lago para a presidência da COP30, a conferência do clima de Belém, e da secretária de Mudança do Clima, Ana Toni, para a diretoria executiva. "Dificilmente haveria uma dupla com mais estatura para desempenhar a missão", afirma a nota do Observatório do Clima, cobrando celeridade nas futuras negociações diante do grave contexto mundial de mudanças climáticas. "A COP30 precisa provar ao mundo que o processo multilateral de clima ainda é importante para lidar com o maior desafio coletivo da humanidade. Precisa acelerar a implementação do Acordo de Paris, em especial das provisões de seu primeiro Balanço Global, que determinou que a humanidade precisa começar nesta década o processo de eliminação gradual dos combustíveis fósseis. Precisa garantir que as metas nacionais dos países (NDCs) para 2035 sejam alinhadas com o objetivo de limitar o aumento da temperatura a 1,5oC, o que nenhuma NDC proposta até agora faz. Precisa encerrar negociações importantes, em especial a do Objetivo Global de Adaptação. E precisa indicar como serão mobilizadas as centenas de bilhões de dólares por ano para o combate à crise do clima nos países em desenvolvimento."







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