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O que Fernanda Torres ensina para empresas sobre narrativas sustentáveis?

POR FLÁVIA RIBEIRO, COLUNISTA DE PLURALE (*)

O pronunciamento da nossa querida Fernanda Torres e suas entrevistas, após saber das indicações de “Ainda Estou Aqui" para três categorias do Oscar, uma delas histórica, a de melhor filme, tem muito o que ensinar para o mercado corporativo. Em tempos de narrativas sobre atração de talentos 50+, com 59 anos, Fernanda descreveu o quanto a sua maturidade neste momento da carreira tem sido essencial para a repercussão da obra. Isso, com certeza, irá influenciar a escolha da Academia. Compartilho algumas reflexões sobre as falas emocionadas dela e o que podemos aprender sob o olhar da Sustentabilidade.

Maturidade: é uma maratona divulgar um filme internacionalmente. Fernanda foi clara ao destacar que sua experiência tem contribuído muito para atender todos os eventos, entrevistas, e para entregar o seu melhor em todas as oportunidades de divulgação. O filme precisa ser visto globalmente. É preciso muita força e vivência profissional para enfrentar essa agenda. Ela está segura de si, de sua responsabilidade, muito preparada e madura para esse momento.

Nas empresas, ter times híbridos combinando pessoas mais experientes para treinar e apoiar a sucessão de profissionais mais jovens, estruturar áreas e evitar erros desnecessários é algo muito precioso. Vamos valorizar a maturidade das pessoas 50+ que estão cheias de energia para impulsionar o seu negócio, reduzindo a curva de aprendizado e gerando resultados mais efetivos no curto e longo prazo. É sobre cumprir cotas legais, mas dar uma remuneração justa a esses profissionais. Colocar em prática uma política de inclusão de forma verdadeira.

Trabalho em equipe: em primeiro lugar, valorização da generosidade e do trabalho de todo o time (o que ela chamou de “família” do filme), pois sua conquista tem um grupo enorme de profissionais nos bastidores que, juntos, fizeram essa grande obra. Lembrei de quanto trabalhei no start up de uma fábrica da Votorantim, quando fizemos um trabalho muito duro e que exigiu um alinhamento e uma colaboração harmônica de todos para dar certo. Gente jovem e mais velha olhando para a mesma direção, cada um contribuindo com o seu melhor em prol do mesmo objetivo.

Propósito: o sucesso do filme e seu reconhecimento não representa apenas a atriz espetacular que ela é, mas o mérito de todo o elenco e time envolvido na produção, filmagem e distribuição, etc. É sobre como o seu trabalho pode impactar o mundo. Sobre o desejo genuíno e pulsante de fazer o que amamos e como podemos transformar vidas, territórios, furar a bolha do local para o global. A arte por si só já é algo desafiador e viver de forma digna dessa profissão não é fácil. Fernanda conseguiu ir além. Despertou aquela alegria de Copa do Mundo que vai acelerar o nosso coração no carnaval, dia 02 de março. “Ainda Estou Aqui” está apresentando o cinema brasileiro para o mundo. Isso é estar em paz com o seu propósito. Você é feliz com o que faz e isso tem sentido para você?

Comunicação: Walter Salles disse nas entrevistas sobre a solidariedade e a rede de apoio de cineastas europeus para a divulgação do filme. Os críticos americanos também têm apoiado bastante. O fato de Fernanda Torres ser uma pessoa muito carismática, divertida, inteligente e espontânea está ampliando as potencialidades de alcance dessa história. Não é apenas sobre o filme, mas como mobilizar as pessoas para assistirem.

A cada entrevista para os programas nacionais e internacionais, ela conquista mais audiência, conversando em vários idiomas, se aproximando das pessoas com sua natureza cômica, facilitando todo o processo de divulgação para uma audiência internacional. A receptividade e o espaço dado pela mídia estão sendo extraordinários. Dia 08 de fevereiro, a atriz estará em Los Angeles novamente. A força da comunicação é fundamental nessa reta final. Que bom que ela tem todos os skills e está a frente desse fenômeno que “Ainda Estou Aqui” se tornou. Redes sociais são essenciais neste engajamento, mas as relações fora do Brasil estão contribuindo muito neste processo. É um trabalho incansável, duro, mas vale cada investimento.

História inspiradora: a atriz destacou a importância do trabalho de Eunice Paiva e da história da família que inspirou o filme. O quanto a personagem ensina sobre civilidade, resiliência e resistência. É sobre isso. As narrativas empresariais também devem mostrar o que fazem para transformar o planeta, a vida, como contribuem para o bem-estar das pessoas, qual o impacto social de seus negócios. Isso faz toda a diferença. A sociedade está cansada de greenwashing e da falta de autenticidade e identidade das marcas.

Na minha opinião, a atriz tem chances reais de ganhar o Oscar. Assim como no cinema, pessoas 50+ têm muito o que construir. No Globo de Ouro, vimos todas as atrizes indicadas muito maduras. É bonito de ver os críticos e o mundo aplaudindo de pé essa diversidade. Não ficaria surpresa se ela ganhasse como melhor atriz e o filme perdesse na categoria de melhor filme estrangeiro. Tenho certeza de que todos os brasileiros estão torcendo muito.

Assisti à premiação do Globo de Ouro. Assim como Fernanda Montenegro, eu tinha certeza que ela ganharia. A sua interpretação contida, com a força e ao mesmo tempo delicadeza ao tratar de um tema tão violento, é espetacular. Fernanda fala mais com a expressão e com o corpo do que com a palavra. É genial. Parabéns à Nanda e todos que fizeram dessa obra algo memorável e eterno. Que as empresas tenham mais coragem para contratar pessoas 50+ se forem os melhores talentos. Os negócios vão voar e rápido.

Neste link, Fernanda fala mais sobre a maturidade em uma entrevista para o Roda Viva há um ano.

https://www.youtube.com/shorts/8gZmX92azq8

Flávia Ribeiro é jornalista, consultora em Comunicação, Marketing e Sustentabilidade, e colunista de Plurale.







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