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Oceano Digital: Cabos Submarinos e a Revolução da Economia Azul

Por Claudia Cataldi, Colunista de Plurale (*)

A Economia Azul desponta como uma estratégia essencial para a transição sustentável da economia global, aliando desenvolvimento e preservação ambiental. Baseia-se no uso responsável dos oceanos, garantindo que as futuras gerações usufruam de seus recursos sem comprometer sua regeneração. Diante das mudanças climáticas e da degradação dos mares, esse modelo econômico emerge como resposta inadiável aos desafios ambientais contemporâneos.

Os oceanos cobrem mais de 70% da superfície terrestre, abrigando uma biodiversidade essencial para a regulação climática e a absorção de dióxido de carbono. No entanto, a exploração excessiva, a poluição e a acidificação das águas comprometem essa riqueza. A Economia Azul propõe o desenvolvimento sustentável por meio da inovação tecnológica, da recuperação dos ecossistemas degradados e do aproveitamento racional dos recursos marinhos. Setores como aquicultura sustentável, energia renovável marinha, biotecnologia e turismo ecológico despontam como promissores para impulsionar esse modelo.

O avanço da biotecnologia marinha revoluciona indústrias como a farmacêutica e a cosmética, proporcionando compostos bioativos extraídos de organismos oceânicos para usos terapêuticos e industriais. Simultaneamente, a economia circular aplicada ao ambiente marinho viabiliza a reciclagem de resíduos plásticos, transformando um dos maiores desafios ambientais em oportunidades de inovação. A geração de energia limpa a partir das ondas e marés também se destaca como alternativa estratégica para a descarbonização da matriz energética.

Outro aspecto fundamental da Economia Azul está relacionado aos cabos de comunicação submarinos, uma infraestrutura crítica para a conectividade global. Atualmente, mais de 99% das comunicações transoceânicas de dados e voz são transportadas por esses cabos, que percorrem cerca de 1,2 milhão de quilômetros pelos oceanos. A instalação e manutenção dessas redes exigem estratégias sustentáveis para minimizar impactos ambientais e garantir a integridade dos ecossistemas marinhos. Estudos indicam que cabos desativados podem ser reciclados para reduzir a poluição subaquática, enquanto novos modelos de implantação buscam alinhar conectividade e conservação oceânica (ITU, 2021; Submarine Cable Map, 2023).

Para consolidar a Economia Azul, é indispensável uma governança eficaz dos oceanos, sustentada por políticas públicas bem estruturadas, incentivos financeiros e o engajamento de múltiplos setores. Iniciativas internacionais promovem diretrizes que favorecem a pesca responsável, a criação de áreas marinhas protegidas e a regulamentação da exploração de minerais no fundo do mar. A cooperação entre empresas, universidades e comunidades costeiras é fundamental para a implementação de boas práticas e a disseminação do conhecimento necessário à preservação dos ecossistemas marinhos.

Apesar dos desafios, a Economia Azul representa um caminho viável para um futuro sustentável, incentivando uma relação equilibrada entre exploração e conservação dos oceanos. Ao enxergar os mares não apenas como fonte de recursos, mas como sistemas complexos a serem protegidos, esse modelo reafirma a necessidade de inovação e comprometimento global. O desenvolvimento econômico e a integridade ecológica podem coexistir, desde que haja uma abordagem coordenada e responsável. Somente com esforços conjuntos será possível transformar a Economia Azul em uma realidade consolidada, garantindo prosperidade econômica e a saúde dos oceanos para as gerações futuras.

(*) Claudia Cataldi é Jornalista, M.Sc.em Ciência Política e Relações Internacionais, Especialista em Governança e Compliance
Drª h.c. em Literatura







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