POR SÔNIA ARARIPE E FELIPE ARARIPE, DE PLURALE
Uma fábrica de óleo da Moove, controlada pelo Grupo Cosan, localizada no bairro da Ribeira, Ilha do Governador (Zona Norte do Rio de Janeiro) está sendo atingida por um incêndio de grandes proporções. O fogo começou por volta de 12h30 deste sábado (8 de fevereiro), assustando moradores e mobilizando bombeiros militares de vários batalhões do Rio de Janeiro. Segundo a empresa, não havia expediente neste sábado e não há vítimas. As chamas, explosões e fumaça preta puderam ser avistadas de vários bairros da Ilha do Governador. Mais tarde, na noite de sábado, bombeiros e autoridades informaram que conseguiram controlar o incêndio após oito horas de combate e que os bombeiros continuarão trabalhando na fábrica neste domingo para fazer o rescaldo, resfriamento da área, proteger regiões não afetadas e evitar uma nova propagação.
FOTO DE PLURALE
Os quartéis do Corpo de Bombeiros do Fundão, Central, Penha e Ilha do Governador foram acionados às 12h30, segundo a corporação. Às 16h, o número de unidades mobilizadas para a operação havia subido para 15. Há pelo menos 67 agentes militares atuando no combate ao fogo, com auxílio de grupamento técnico de suprimento de água.
O Inea informou que foi acionado para a ocorrência do incêndio da fábrica de lubrificantes e que técnicos do instituto acompanham as respostas de combate ao fogo junto ao Corpo de Bombeiros, para avaliar possíveis danos ambientais.
FOTO AÉREA DO GOVERNO DO ESTADO RJ.
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro interditou a Rua Campo da Ribeira, na altura da Rua Lourenço da Veiga, onde ocorre o incêndio. E enviou agentes da Guarda Municipal para o local.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Moove informou que não havia expediente neste sábado, que não houve vítimas e que protocolo de segurança foi acionado. "Um incêndio de grandes proporções, e sem vítimas, atinge nesse momento a planta da Moove, na Ilha do Governador. Os bombeiros militares já estão atuando na contenção do incêndio, que está restrito à área da Moove. Todos os protocolos de segurança necessários estão sendo aplicados. A fábrica estava inoperante neste sábado. O incêndio foi próximo a uma das linhas de produção."
Moradores do bairro da Ribeira ficaram muito apreensivos com o acidente. Alguns saíram de casa com medo de serem atingidos pelas explosões e preocupados com a fumaça negra que saía dos focos de incêndio. "Estamos todos apavorados. Torcendo para que não haja vítimas lá na fábrica. E preocupados com nossas casas", disse o morador Cláudio Oliveira. Próximo ao local estava acontecendo uma feira pública, que precisou ser rapidamente evacuada. Assim como um bloco de Carnaval, que não pôde se apresentar.
Em nota divulgada às 21h deste sábado (8 de fevereiro), o Governo do Estado informou que nais de 100 bombeiros militares e agentes da Defesa Civil estadual de 20 unidades ainda atuam no local e que Equipes do Inea trabalham na prevenção de danos ambientais na Baía de Guanabara. "Nossos bombeiros estão atuando incansavelmente no combate às chamas e na proteção das áreas próximas. Montamos um gabinete de gestão dessa emergência, coordenado pela Defesa Civil estadual, que atua com órgãos estaduais e municipais, para tomada de decisões de forma ágil e assertiva. Seguimos acompanhando a situação de perto e prestando toda a assistência necessária. A Polícia Militar está garantindo a segurança no local e a Polícia Civil vai investigar as causas do incêndio", afirmou o governador Cláudio Castro.
Apesar da grande proporção que as chamas atingiram, não há registro de vítimas. De acordo com o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Tarciso Salles, o trabalho segue sem interrupções e previsão de término. "Estamos utilizando diversas técnicas de combate as chamas, como por exemplo, os líquidos geradores de espuma, que são indicados para o combate à incêndios em líquidos inflamáveis. Parte da estrutura cedeu, o que possibilitou que fizéssemos o combate também com as nossas escadas e plataformas mecânicas. Drones colaboraram muito no trabalho, realizando um mapeamento térmico em toda a área atingida. Seguiremos atuando, por prazo indeterminado", disse o secretário.
A Polícia Civil, por meio da 37ª DP (Ilha do Governador), acompanha a ocorrência. Uma perícia será realizada no local para apurar as causas do incêndio e esclarecer as circunstâncias do ocorrido. A nota do Governo do RJ informa ainda que, diante da possibilidade de vazamento de óleo e outros resíduos na Baía de Guanabara, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) foi acionado para avaliar eventuais impactos ambientais. Em conjunto com a Capitania dos Portos, o governo ativou o Plano de Área da Baía de Guanabara, estratégia voltada para o controle e mitigação de danos ambientais. Além disso, o órgão irá apurar as causas e respostas da empresa ao incêndio e aplicará as sanções cabíveis.
FOTO DE PLURALE
A fábrica de lubrificantes industriais da Moove - que antes se chamava Cosan Lubrificantes - fica no centro de área totalmente residencial, densamente povoada, entre as praias da Ribeira, Engenhoca e Zumbi. Bem próximo funciona uma Colônia de pesca artesanal - a Z10 - além de atividades de bairro residencial - escolas, creches, clubes, restaurantes, feira pública etc. Além da unidade industrial na Ribeira, grandes carretas pesadas, carregando materiais explosivos, trafegam nas principais vias da Ilha do Governador, trazendo grande apreensão para moradores.
O Movimento Baía Viva, com sede na Ilha do Governador, lamentou o que chamou de "tragédia anunciada". Ouvido por Plurale, o ambientalista Sérgio Ricardo Potiguara, diretor do Baía Viva lembrou que protocolou denúncia (Representação) em 28/02/2019, há seis anos. "Através de um dossiê técnico com 55 páginas, alertamos o Ministério Público Estadual que haveria este desastre industrial e tecnológico na fábrica da perigosa e poluidora COSAN, localizada ilegalmente no bairro residencial da Ribeira, na Ilha do Governador. Nenhuma providência efetiva foi adotada até agora!", disse Sérgio Ricardo.
(Com informações da Agência Brasil)