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Cultivo de erva-mate no Brasil é eleito Patrimônio Agrícola Mundial

Joscemar Wachtel explicando como as folhas ficam mais finas quando cultivadas à sombra da Mata de Araucárias, no assentamento Evandro Francisco, na comunidade Fazenda Velha
FAO/Luiza Olmedo
Joscemar Wachtel explicando como as folhas ficam mais finas quando cultivadas à sombra da Mata de Araucárias, no assentamento Evandro Francisco, na comunidade Fazenda Velha
Do Portal ONU News PT

Espécie consumida como chimarrão, tereré ou mate alia manejo florestal sustentável e continuidade cultural; plantio em florestas de araucária, no Paraná, ajuda a proteger biodiversidade ameaçada; comercialização do produto oferece emprego rural digno e conecta produtores por meio de cooperativas.

O cultivo de erva-mate no sul do Brasil entrou para a lista do Patrimônio de Sistemas Agrícolas de Importância Global, Giahs.

O anúncio foi feito nesta quarta-feira pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO.

A agência também incluiu na lista outros cinco sítios, localizados na China, no México e na Espanha. Com as novas adições, a

rede mundial de patrimônio agrícola agora conta com 95 sistemas em 28 países.

Manejo sustentável e continuidade cultural

No caso do Brasil, o título foi concedido para o cultivo de erva-mate em sistemas agroflorestais sombreados nas florestas de

araucária no Estado do Paraná.

As folhas da espécie nativa são tradicionalmente consumidas como chimarrão, tereré ou mate, inclusive em outros países como

Argentina, Uruguai e Paraguai.

O sistema tradicional de plantio remonta a práticas ancestrais de povos indígenas e comunidades tradicionais do sul do Brasil,

que existem há mais de cinco séculos. Para a FAO, as técnicas usadas representam um modelo globalmente significativo de

manejo florestal sustentável e continuidade cultural.

A agência destaca que o cultivo fortalece a biodiversidade, a soberania alimentar e a identidade cultural. Além disso, ajuda a

conservar a floresta de araucária, um dos berços de biodiversidade mais ameaçados do planeta.

Em uma região fortemente impactada pelo desmatamento, onde resta apenas 1% da floresta original, este sistema oferece um

raro exemplo de práticas agrícolas que preservam a cobertura florestal e, ao mesmo tempo, apoiam os meios de subsistência e

o patrimônio cultural.

Olga Wenglarek bebendo chimarrão, uma bebida tradicional do sul do Brasil feita com erva-mate
FAO/Luiza Olmedo
Olga Wenglarek bebendo chimarrão, uma bebida tradicional do sul do Brasil feita com erva-mate

Emprego rural digno

Mais de 100 espécies de plantas coexistem com a erva-mate. Muitos produtores conservam intencionalmente árvores frutíferas

nativas, plantas medicinais e espécies forrageiras, apoiando tanto as funções ecológicas quanto o uso humano.

Esses agroecossistemas também preservam parentes selvagens de espécies cultivadas e diversidade genética dentro das

populações de erva-mate, oferecendo potencial adaptativo diante das mudanças climáticas e pragas emergentes.

Nesse sentido, a produção de erva-mate contribui com compromissos globais ligados à restauração de ecossistemas e

resiliência climática.

A comercialização do produto, principalmente por meio de cooperativas e mercados solidários, oferece emprego rural digno

e conecta produtores a cadeias de valor regionais e nacionais.

Coletores de flores “sempre-vivas” em Minas-Gerais

Esse foi o segundo patrimônio brasileiro incluído na lista da FAO, ao lado do sistema agrícola tradicional na Serra do

Espinhaço, em Minas Gerais.

O local é considerado a savana mais biodiversa do planeta, com um papel muito importante na regulação das

chuvas da região.

Os agricultores locais desenvolveram um complexo sistema agrícola denominado "coletores de flores sempre-vivas",

com base em seu profundo conhecimento dos ciclos naturais, ecossistemas e manejo da flora nativa, alcançando uma

grande harmonia com o meio ambiente.

Os outros itens que passaram a integrar a lista do patrimônio da FAO são o cultivo de mexilhões perolados, chá branco e

peras na China, um sistema que preserva mais de 140 espécies nativas no México e um conjunto de práticas agrícolas nas

areias vulcânicas da ilha de Lanzarote, na Espanha.







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