De Viviane Faver
Especial de Nova York

Fotos Divulgação
A transição para a energia limpa foi o foco da abertura da Semana do Clima de Nova York (New York Climate Week), realizada nesta segunda-feira, evento que abriu a Cúpula Global de Renováveis. Promovida pela Fortescue, pelo Climate Group e pela Global Renewables Alliance, a reunião reuniu chefes de Estado, ministros, executivos e investidores para discutir os próximos passos rumo a um sistema energético sem combustíveis fósseis.
Os participantes destacaram que o avanço das renováveis deixou de ser apenas uma questão climática para se tornar também uma oportunidade econômica decisiva. Com a queda expressiva nos custos de geração e armazenamento, a energia limpa já é capaz de competir e superar os combustíveis fósseis em diversos mercados.
"Este é um divisor de águas para os negócios, a sociedade e o planeta", resumiu o consenso do encontro, que apontou benefícios como criação de empregos, crescimento econômico e maior segurança energética.
Papel do setor privado
Dados apresentados mostram que o setor privado já responde por 75% dos investimentos globais em energia renovável entre 2013 e 2020. Um exemplo é a RE100, coalizão de mais de 440 empresas em 140 mercados que consomem juntas eletricidade equivalente ao consumo à de uma das dez maiores nações do mundo.
A Fortescue também foi citada como caso de liderança: a mineradora australiana planeja descarbonizar suas operações em Pilbara até 2030, eliminando emissões diretas (escopos 1 e 2).
Obstáculos à expansão
Apesar dos avanços, subsídios aos combustíveis fósseis, a precificação insuficiente do carbono, os entraves burocráticos, os gargalos de rede e as falhas na cadeia de suprimentos seguem freando o crescimento das energias renováveis. Em países emergentes, a dificuldade de acesso a financiamento limita ainda mais a adoção de novas tecnologias.
A mensagem central foi a necessidade de cooperação entre governos e setor privado. Enquanto políticas públicas podem remover barreiras regulatórias e de infraestrutura, apenas o capital privado poderá garantir a escala trilionária exigida para o investimento em renováveis.
Chamado à ação
As organizações anfitriãs defenderam cinco prioridades para acelerar a transição:
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Compromissos claros: NDCs devem incluir metas vinculantes para eliminar gradualmente os combustíveid fósseis e ampliar as energias renováveis.
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Triplicação da capacidade: Cumprimento da meta da COP28 de triplicar a capacidade instalada até 2030, com planos detalhados para financiamento, licenças, redes e cadeias de suprimentos.
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Redes modernas: Investimentos urgentes em redes, armazenamento e digitalização para integrar volumes crescentes de energia limpa.
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Mercados justos: Fim dos subsídios aos combustíveis fósseis e criação de mecanismos de precificação de carbono que financiem investimentos verdes.
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Liderança empresarial: Empresas devem definir prazos firmes para encerrar o uso de combustíveis fósseis, impulsionando a demanda por energia limpa.
Uma nova era energética
Segundo os organizadores, o debate já não é se a transição acontecerá, mas em que velocidade. "Estamos saindo de um passado de escassez, de choques e de poluição para uma era de abundância, acessibilidade e sustentabilidade", afirmaram em nota conjunta.
Com políticas eficazes e engajamento empresarial, acrescentaram, a era da abundância renovável — com ganhos ambientais, sociais e econômicos — poderá ser alcançada.

A abertura da Cúpula Global de Energias Renováveis, durante a Semana do Clima de Nova York, reuniu líderes governamentais, executivos e representantes da sociedade civil em torno de um consenso: a energia limpa deixou de ser apenas uma resposta à crise climática para se tornar base de prosperidade, competitividade e segurança.
O encontro, promovido por Fortescue, Climate Group e Global Renewables Alliance, destacou que a queda acentuada nos custos da energia solar, eólica e de armazenamento já coloca as renováveis em vantagem frente aos combustíveis fósseis.
"A transição energética realmente decolou", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao lembrar que em 2024 os investimentos em energia limpa somaram quase US$ 2 trilhões. "Mas impulso não basta: precisamos agir juntos, governos e empresas, para transformar energia limpa em sinônimo de prosperidade e segurança."

Narrativa de prosperidade
O primeiro-ministro das Bahamas, Philip Davis, defendeu que a transição seja apresentada como oportunidade, não como sacrifício. "Substituir combustíveis fósseis é pré-requisito para a prosperidade", afirmou.
Do setor privado, o fundador da Fortescue, Andrew Forrest, reforçou que "sem acabar com os combustíveis fósseis, não haverá estabilidade duradoura". Já o CEO da Global Renewables Alliance, Bruce Douglas, resumiu: "O caminho é claro: eliminar os fósseis voláteis e garantir abundância renovável é a base da prosperidade e da segurança energética."

Pressão econômica e empresarial
O presidente do Climate Group, Mike Rann, alertou que empresas que adiarem a mudança correm o risco de ficar para trás. "As mais inteligentes já estão abraçando a era da abundância renovável", disse.
Companhias como Google, IKEA, Octopus Energy e SUNOTEC reafirmaram compromissos bilionários em energia limpa, mas pediram políticas que acelerem licenciamento, que ampliem redes elétricas e que garantam condições de mercado para investimentos em larga escala.
Às vésperas da COP29 e COP30
Com a proximidade da Cúpula do Clima da ONU, na qual países devem anunciar novos planos de ação, líderes reforçaram apelos. O presidente da COP29, Mukhtar Babayev, destacou a necessidade de financiamento para países em desenvolvimento. O presidente designado da COP30, André Corrêa do Lago, apontou a associação das renováveis com justiça e segurança energética como chave para a expansão.
O diretor da Agência Internacional de Energia Renovável, Francesco La Camera, lembrou que economias emergentes, apesar de representarem um terço do PIB global, recebem menos de 10% do financiamento da transição.
Da ambição à prática
Os participantes concordaram que cumprir a meta da COP28 de triplicar a capacidade renovável até 2030 exigirá investimentos urgentes em redes, armazenamento e cadeias de suprimento, além de reformas para acabar com subsídios aos fósseis e criar mercados mais justos.
"Estamos entrando na era da abundância renovável", disse La Camera. "Mas os benefícios precisam ser distribuídos de forma equitativa. É uma oportunidade histórica de prosperidade global."









