Museu das Amazônias abre suas portas em 4 de outubro - às portas da COP30 - e reafirma força a criativa e a valorização da arte, da ciência e da tecnologia do território para o mundo
POR MAURETTE BRANDT, ESPECIAL PARA PLURALE (*)

Fotos de Divulgação
Valorizar e incentivar a identidade e a diversidade da região; reverberar as vozes e os saberes do maior bioma tropical do planeta; ser referência em práticas museológicas inovadoras, inclusivas e conectadas aos territórios.
No dia 4 de outubro, essas premissas se tornam realidade na incrível cidade de Belém: nasce o Museu das Amazônias, onde arte, ciência e tecnologia se encontram, para mostrar o que a região tem de mais rico, integrado e comunicável, para o bem geral não só da nação, como do planeta inteiro.
O museu faz parte do conjunto de obras realizadas pelo Governo do Pará e ficará como legado da COP30 à capital paraense. Assim que suas portas abrirem, Belém terá um dos principais museus dedicados à cultura, ciência, sustentabilidade e tecnologia da região - e que reafirma o papel da Amazônia no centro dos debates globais atuais.
- Nossa missão é garantir que o Museu das Amazônias seja um espelho e um vórtice que, a um só tempo, venha refletir e integrar as pluridiversidades da região - destaca Ursula Vidal, Secretaria de Cultura do Estado do Pará.- Este museu tem múltiplas dimensões simbólicas - reflete. - Já nasce integrado a um ecossistema de sociobioeconomia secular, que decerto vai irradiar um futuro sustentável, justo, criativo e próspero para as Amazônias e suas gentes - comemora.
Muitas mãos para construir um grande museu
Como parte do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM) da Secretaria de Estado de Cultura do Pará, o Museu das Amazônias foi implementado pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão - IDG, em parceria com o Museu Goeldi. O IDG tem ampla experiência na concepção e na gestão de equipamentos culturais em todo o Brasil; é responsável por instituições de referência, como o Museu do Amanhã, o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, o Museu das Favelas, em São Paulo, e o Paço do Frevo, no Recife, só para citar alguns.
“Conduzir a implementação do Museu das Amazônias enriqueceu, de forma singular, a trajetória do IDG - destaca Ricardo Piquet, diretor-geral da instiuição. - É um imenso orgulho ter participado desse processo coletivo e transformador que, ao lado de parceiros que integram a história de luta da Amazônia, ampliou nossos horizontes e nos aproximou de importantes causas pelo respeito à natureza, pela ciência e pelos saberes ancestrais - reafirma Ricardo Piquet,.
O Museu das Amazônias nasceu de um Plano de Escutas amplo e contínuo - que reuniu diversas vozes das Pan-Amazônias. O museu foi concebido a partir de diálogos sobre memória, ancestralidade, espiritualidade, ciência, natureza e futuro, que constituíram a base viva de sua missão.
Um marco, em especial, foi a criação do Comitê Executivo, que acompanha de perto a implementação e o funcionamento do museu, para assegurar que cada ação esteja em sintonia com a pluralidade que o inspira.
O Comitê - que estabelece diretrizes de comunicação, de programação e de sustentabilidade financeira - é composto por representantes da Secult/PA, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Instituto Cultural Vale (ICV), do CAF e do Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe - além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do IDG e do Museu Goeldi.

Participantes comemoram
- Este é um projeto que congrega ciência, cultura, pesquisa, extensão, educação e sustentabilidade. Quando você coloca a ciência e a cultura juntas, abrem-se horizontes muito diversos- observa Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil.
- O BNDES, que apoia iniciativas como esta, reforça seu compromisso com a valorização da Amazônia e com a promoção de um futuro sustentável - destaca Aloizio Mercadante, presidente do banco.
Para Gustavo Pimenta, presidente da Vale, o museu é um marco da requalificação urbana da área portuária de Belém. - É um espaço plural, com um olhar sobre a diversidade das Amazônias: suas diferentes identidades, geografias, culturas, tempos e povos, além de proteger a floresta em pé - declara. Pimenta observa que iniciativa se conecta à atuação da Vale na região, há 40 anos.
- Participar desde os primeiros traços desse projeto transformador foi um privilégio que reafirma o compromisso da instituição com uma Pan-Amazônia plural, resiliente e criativa, a partir da Cultura - ressalta Sergio Dias-Granados, presidente-executivo do Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe;
- O novo museu nasce com a missão de democratizar e ampliar o acesso ao conhecimento sobre a região, promover a conservação e o protagonismo local, em total sintonia com nossa trajetória - diz Nilson Gabas Junior, diretor do Museu Goeldi - instituição que cumpre esse papel há um século e meio e, agora, o reforça, ao fazer parte do Comitê.
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As três curadoras do Museu (da esq. para a dir.): Helena Lima, Joice Ferreira e Francy Baniwa. Foto de Divulgacao.
Curadoria plural
– A comissão curatorial do Museu das Amazônias reafirma o seu caráter coletivo. É integrada por Francy Baniwa - antropóloga, fotógrafa, cineasta do povo Baniwa; Joice Ferreira, ecóloga da Embrapa Amazônia Oriental; e Helena Lima, arqueóloga do Museu Paraense Emilio Goeldi. Sob perspectivas diversas, as três se complementam na orientação e no desenvolvimento do museu.
- Ajurí é uma palavra que significa: “eu vim ajudar” - explicam as curadoras. - Na construção de um museu-mutirão, feito com escuta, trocas e criação coletiva, formamos um todo que reúne diferentes modos de ver e tecer a realidade - acrescentam.
Na abertura, “Amazônia”, de Sebastião Salgado, e “Ajurí”, do IDG
"Amazônia", do fotógrafo Sebastião Salgado, falecido em maio último, ocupará o primeiro andar do Museu - e reúne 200 fotografias em preto e branco, resultado de sete anos de expedições do fotógrafo pela região. É a primeira vez que “Amazônia” é apresentada no Norte do Brasil. A exposição já passou por Paris, Londres, São Paulo e Rio de Janeiro, onde foi exibida no Museu do Amanhã. Na abertura do Museu das Amazônias, Juliano Salgado, filho do fotógrafo, apresentará pessoalmente a exposição ao público.
No mezanino, os visitantes vão encontrar a exposição “Ajurí”, concebida pelo IDG especialmente para o Museu das Amazônias. O título, de origem indígena, remete ao mutirão e à colaboração, conceitos que inspiraram o processo coletivo de criação do museu.
“Ajurí” valoriza o uso de materiais orgânicos típicos das Amazônias, como fibras de coco, taboa e miriti. Entre os destaques está um móbile com mais de 1.500 animais feitos de fibra de miriti, produzido por artesãos de Abaetetuba, cidade paraense reconhecida nacionalmente pela produção dessas peças tradicionais.
Organizada em três áreas, “Ajurí “ reúne oito instalações de artistas da região Norte e de outras partes do Brasil, em linguagens que incluem pintura, fotografia, vídeo, escultura e experiências imersivas. Está organizada em três áreas: “Amazônias no Plural” celebra a diversidade sociobiocultural e os diferentes modos de viver; “Ameaças e Crise” aborda o colapso ambiental em curso, com destaque para o “piroceno” e seus impactos; e “A União como Ensinamento” apresenta o ajurí como símbolo de resistência e coletividade.
Participam da mostra artistas amazônidas como Carina Horopakó (AM), Evna Moura (PA), Karla Martins (AC), Paulo Desana (AM), PV Dias (PA), Roberta Carvalho (PA), Valdeli Costa (PA) e Will Love (PA), ao lado de nomes de projeção nacional como Estêvão Ciavatta Pantoja (RJ), Gabriel Kozlowski (SP) e Wesley Lee (SP).
Parceiros – O Museu das Amazônias é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura do Pará, do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet - Lei Federal de Incentivo à Cultura, e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com concepção e implementação do IDG - Instituto de Desenvolvimento e Gestão e do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Patrocínio, copatrocínio, parceria técnica, apoio financeiro nacional Vale, CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe - Hydro e New Fortress Energy (patrocínio) - Ipiranga (copatrocínio) - BNDES (parceria técnica) - FINEP (apoio financeiro nacional) - Mercado Livre e Ultracargo (apoio).
(*) Agradecimentos nesta matéria: Evna Moura, Camila Costa e Fabrício Lopes.
Serviço
Museu das Amazônias
Abertura: 4 de outubro de 2025
Endereço: Armazém 4A do Complexo do Porto Futuro II, bairro do Reduto – Belém/PA
Funcionamento: de quinta a terça-feira, das 10h às 18h (última entrada às 17h). Fechado às quartas-feiras para manutenção










