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O retrato oculto da Crise Portuguesa: sem política de acesso sustentável, setor habitacional de Portugal ruma a um colapso inédito

Por Fernando Thompson, Colunista de Plurale

De Lisboa, Portugal

A pergunta feita pelo especialista Sérgio Ângelo em seu artigo "O Retrato Oculto: Quantas casas portuguesas sobreviverão a 2030?" é mais do que uma provocação; é um alerta sombrio sobre o futuro do setor habitacional em Portugal. A crise já instalada, marcada pela inacessibilidade, especulação e custos cada vez mais altos, pode evoluir para um cenário de colapso sem precedentes caso o país continue a adiar uma política pública transformadora focada no acesso à moradia sustentável.

O custo alto da Inação Crônica Portugal enfrenta hoje uma das maiores crises habitacionais de sua história recente. Mais de 130 mil famílias vivem em carência habitacional, e cerca de 7% da população gasta 40% ou mais de sua renda disponível apenas com despesas de moradia. Contudo, o problema vai muito além do preço por metro quadrado.

A verdade oculta, ressaltada por diversos estudos, é que o parque habitacional português não é só escasso em termos de habitação pública (uma das taxas mais baixas da Europa, cerca de 2%), como também se encontra cronicamente envelhecido e degradado. Essa degradação é a face da insustentabilidade: contribui diretamente para a pobreza energética, para as emissões de carbono e para condições de vida indignas.

Sustentabilidade: De Luxo a Imperativo Social Moradia sustentável não é apenas uma questão ambiental, mas um pilar de política social. Envolve edifícios energeticamente eficientes, reabilitação do parque existente e construção a custos controlados que utilizem materiais e métodos que minimizem o impacto ambiental e os custos de manutenção para as famílias.

É aqui que reside o maior risco: a ausência de uma política pública coordenada e robusta que garanta o acesso à moradia que seja simultaneamente acessível e sustentável.

* Desinvestimento Crônico: A falta de investimento público em larga escala ao longo das últimas décadas não só limitou a oferta de habitação social, como também deixou o mercado privado sem regulamentação clara para integrar os imperativos de sustentabilidade com a acessibilidade de preços.

* Foco Reativo: O Estado tem respondido à crise de forma reativa e conjuntural, com medidas que não atacam as raízes estruturais do problema. A ausência de um "novo contrato urbano" – que trate a moradia como ciência e direito, e não como mera mercadoria ou instrumento de estímulo econômico – impede uma solução de longo prazo.

O Perigo de 2030 A inação diante da urgência da sustentabilidade cria uma tempestade perfeita. De um lado, a crescente pressão do mercado e a especulação. Do outro, um parque habitacional que envelhece e se degrada rapidamente. Sem uma intervenção estatal massiva no aumento da oferta pública e na imposição de padrões de sustentabilidade e eficiência energética para todas as novas construções e reabilitações, o cenário é de ruptura.

O custo da inação será insuportável:

* Agravamento da Pobreza Energética: Famílias lidando com contas de energia cada vez mais altas devido a casas mal isoladas e ineficientes.

* Aumento da Exclusão Social: Jovens e famílias de classe média condenados a viver em condições precárias ou a serem expulsos dos grandes centros urbanos.

* Crise Estrutural Inédita: O mercado imobiliário, já pressionado, falhará em fornecer casas que cumpram os mínimos de dignidade e as exigências climáticas.

A sobrevivência do setor e, crucialmente, o bem-estar da população portuguesa, dependem da coragem política para implementar soluções transformadoras. Como Sérgio Ângelo sugere, se o país não se mobilizar para garantir um teto digno e verde para seus cidadãos, a crise habitacional em curso em Portugal não será apenas grave; será um colapso social e econômico sem precedentes até o final desta década.







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