
TEXTO E FOTOS POR FELIPE ARARIPE
REPÓRTER ESPECIAL DE PLURALE
Ana Sanches, presidente da Anglo American no Brasil e do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), foi premiada como a personalidade do ano pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham). A cerimônia também foi em comemoração aos 200 anos de relações diplomáticas entre o Reino Unido e o Brasil.
Em seu discurso, Ana destacou o papel essencial que o setor de mineração possui na sociedade, que, além de empregar mais de 200 mil pessoas, é responsável pela matéria-prima de diversos produtos, sendo o prêmio um reconhecimento também para o setor mineral, que ela representa, frisando, como anteriormente já disse na Exposibram, que a transição energética só será possível com a mineração: “Não existe transição energética sem mineração. Não tem como pensar na eletrificação e em qualquer caminho da emissão de pegada de carbono se não pensar na mineração responsável e sustentável, que é possível.” Ana lembrou a importância do Brasil no setor, possuindo riquezas, e lembrando das oportunidades que o país possui: “Temos uma oportunidade enorme de nos posicionarmos como um dos principais fornecedores globais, principalmente de minerais críticos. O setor mineral tem em suas mãos essa oportunidade com essa riqueza mineral.”
Luke Durigan, diretor comercial do Departamento de Negócios e Comércio do governo britânico no Brasil, representou o governo britânico na cerimônia, parabenizando Ana: “O governo do Reino Unido acredita que a força da soma, em vontade, de oportunidade, em ação e resultados do Brasil em conjunto com o Reino Unido. Como Reino Unido, temos essa visão, nessa troca de ideias e resultados. Na véspera da COP, se torna ainda mais importante uma liderança global na área de clima e transição energética, que são as bases que o Reino Unido compartilha com o Brasil. Hoje, temos uma personalidade que capta isso, a nossa homenageada, Ana Sanches.”

Ana Sanches é mineira de Belo Horizonte, graduada em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e em Ciências Contábeis pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec), com MBA em Finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e cursos executivos na Harvard Business School, Columbia University e London School of Economics. Desde dezembro de 2023, Ana Sanches assumiu a função de presidente da Anglo American no Brasil e também preside o Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) – cargos antes nunca ocupados por mulheres.
Ana Sanches concedeu entrevista exclusiva para a Plurale, na qual ela falou sobre a importância que a COP30 terá para o setor da mineração, podendo ser o momento de defender uma mineração responsável, sustentável e apoiar no combate à mineração ilegal. Além disso, Ana falou sobre a possível expansão na produção da Anglo no Brasil em Minas-Rio, com a mina podendo até dobrar a produção, através de estudo, a importância do reconhecimento da Britcham, e sobre como a Anglo American Brasil enxerga a fusão da empresa com a Teck Resources. Veja, na íntegra, a entrevista:
Plurale: Qual o sentimento da representação dessa homenagem de hoje?
Ana Sanches: Um sentimento maravilhoso, uma honra estar recebendo esse reconhecimento, ainda mais nesse momento em que a gente celebra esses 200 anos de relação bilateral entre o Brasil e o Reino Unido, um relacionamento muito especial entre os dois países, em um momento muito especial para mim, em receber esse reconhecimento, embora, como eu disse no meu discurso, vá além de um reconhecimento pessoal.
Eu sinto que é um reconhecimento para o setor mineral que eu represento, para a Anglo American, que é a empresa que eu lidero, e para todos os nossos quase 20 mil funcionários diretos e indiretos. Eu sinto também que estou representando as mulheres, mulheres que optaram por não se limitarem, não acreditarem que elas têm que estar restritas em poucas escolhas e que elas podem, sim, escolher e estar onde elas desejam. É um simbolismo muito grande nesses três pilares, que vão muito além do meu sentimento pessoal.
Estou muito feliz, muito honrada e muito agradecida a todo o time da Câmara Britânica de Comércio e Indústria aqui do Brasil.
Plurale: Na Exposibram, você falou essa mesma frase, de que “não há transição energética sem mineração”. Você é presidente da Anglo American no Brasil, mas também é representante do Ibram, sendo a presidente do Conselho Diretor do Instituto. Como você está vendo a COP30, tanto pela questão da empresa que você representa, mas também do Ibram? A COP representará uma vitrine para o setor mineral brasileiro?
Ana Sanches: Eu acho que a COP vai ser um divisor de águas. Receber a COP aqui no Brasil, receber na Amazônia, e a gente estamos conseguindo realmente colocar a mineração em um papel central das discussões. Quando a gente fala de clima, de biodiversidade, de preservação, de recursos hídricos, tudo isso tem a ver com mineração. Quando a gente pensa na atividade minerária, as áreas cujo entorno da atividade é responsável são as áreas mais preservadas. Defender a mineração responsável, sustentável e apoiar no combate à mineração ilegal é tudo o que a gente quer. Estar no centro da COP, participando de forma ativa em todas essas discussões, é uma oportunidade incrível.
Além disso, acabamos de lançar, essa semana, lá na Exposibram, os nossos cinco compromissos setoriais, cinco compromissos que, cada um deles individualmente, têm um vínculo com objetivos-alvo da COP30. Cada um deles tem vínculo com um ou mais princípios dos ODS, amarrando objetivos de compromissos sociais e ambientais, todos eles com metas verificáveis, de forma transparente, clara e objetiva, para que a gente possa não só almejar um futuro ainda mais brilhante, que devemos isso para a sociedade, devemos isso para o meio ambiente, para as comunidades que nos acolhem, mas a gente tem que medir de forma clara, íntegra e rastreável.
São cinco objetivos, cinco compromissos muito nobres, e acho que vieram em um timing perfeito, porque estamos há poucos dias da COP30.
Plurale: Como vocês, da Anglo American aqui do Brasil, estão vendo a fusão com a Teck Resources? Estão sentindo uma pressão menor, já que a empresa vendeu uma de suas minas e sua operação no Brasil foi reduzida?
Ana Sanches: Na verdade, nós estamos muito alegres, muito animados, muito entusiasmados com a possibilidade de, tudo dando certo, sendo aprovado, nos tornarmos potencialmente a terceira maior operação mineradora global. É uma posição de destaque. Abre as portas de muitas oportunidades para um futuro promissor. Temos portfólios que se complementam, tanto do ponto de vista geográfico quanto do ponto de vista de commodity.
É uma super oportunidade para as duas empresas, ainda mais no momento em que a Anglo está aumentando. A gente está no processo de venda dos nossos ativos de níquel, mas, por outro lado, a gente está caminhando fortemente, avançando nos estudos de viabilidade do acordo que nós fizemos com a Vale. A Vale agora é nossa sócia na joint venture, e temos a possibilidade de, se confirmar através desses estudos de viabilidade, potencialmente até dobrar a produção do Minas-Rio.
Dobrar a produção de um produto como o nosso, de um minério de ferro premium, que o mercado global não possui tanta oferta, e, olhando para o futuro e pensando numa transição energética, a demanda tende a ser crescente. É uma combinação de oportunidades muito favoráveis.











